Inspiração para uma geração de mulheres que sonham com uma carreira de sucesso, mas nem por isso querem abrir mão do casamento ou da maternidade, Mônica Salgado é, para muitas, o estereótipo perfeito da mulher moderna. Mas a diretora de redação da revista Glamour Brasil pelos últimos cinco anos e digital influencer que agora se lança em voo solo, não gosta de alimentar falsas expectativas e prefere deixar a perfeição para as redes sociais construídas por marqueteiros. No diário que produz no Instagram, a paulistana mostra viagens para semana de moda e almoços em restaurantes incríveis, mas também expõe problemas, dores de cabeça e perrengues de uma vida que pode parecer apenas glamour, mas acima de tudo é feita de muito trabalho.

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O equilibrar dos pratos é movido a paixões: pela comunicação, pelo marido, Afonso Nigro (o ex-Dominó que se tornou o marido incentivador e parceiro que busca o filho na escola) e pelo filho Bernardo, de cinco anos. A mulher de carne e osso tem agradado uma plateia cada vez mais numerosa: na semana passada, o talk show com Mônica no Balneário Shopping teve inscrições esgotadas em pouco tempo em uma procura que até surpreendeu a organização. Tão grande é o sucesso da influenciadora que fala de feminismo, autocobrança e empoderamento que ela está deixando um dos cargos mais cobiçados da indústria editorial feminina em nome dos sonhos, entre eles escrever um livro e trabalhar na tevê em um projeto autoral.

Depois de passar pelo litoral de Santa Catarina, onde curtiu os verões da adolescência e onde a família mantém apartamento no Costão do Santinho, Mônica bateu um papo com a coluna por telefone direto da redação da Glamour, entre mais uma viagem e o fechamento do último número da revista editada por ela.

Pode contar um pouco da tua trajetória profissional?

Sou formada em Jornalismo e sempre soube que queria trabalhar com jornalismo feminino. Também sempre amei escrever, minha mãe é professora de gramática e isso sempre me atraiu muito. É minha grande paixão. Trabalhei em assessoria e no marketing de marcas até conseguir entrar na Vogue, onde trabalhei de 2007 até 2012, quando minha chefe na época, a Daniela Falcão, me chamou e disse que tinha uma publicação que estava chegando no Brasil e era a minha cara. Dirigi a Glamour desde a primeira edição, foram cinco anos.

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Como foi tomar a decisão de sair?

Foi muito pensada, venho refletindo há muito tempo e avisei a direção em setembro. É o fim de um ciclo, de repente te você tem um feeling, um insight de que você tem que sair para fazer outras coisas. Estou com 37 anos e acho que cumpri lindamente minha missão aqui na Glamour. Tem sido um caso de amor muito intenso, mágico e maravilhoso, mas agora chegou a hora de passar esse bastão e tocar outros projetos profissionais que eu tenho muita vontade de fazer.

Quais são os planos agora?

Quero escrever meu livro e fazer um projeto na tevê, já tá superquente mas só vou falar quando assinar. É um projeto legal, bem autoral, cujo tema eu que sugeri, então tem um significado legal pra mim.

No último ano, além do trabalho reconhecido na Glamour, você se tornou uma digital influencer cuja vida é superacompanhada. Aqui em SC, as inscrições para a sua palestra se esgotaram rapidamente. A que você atribui tamanho sucesso nas redes e fora delas?

O meu sucesso é muito de verdade, nunca foi um caso pensando. Foi acontecendo. Eu faço o que eu quero, fala do jeito que eu quero, faço as abordagens que eu tenho vontade de fazer. O retorno que eu tenho só pode ser fruto dessa verdade e eessa autenticidade. Nunca comprei seguidores, não sou amiga das influencers que me marcam. Eu acho que é trabalho mesmo.

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Pelo seu Instagram, você parece viver num comercial de margarina administrando bem demais carreira, casamento perfeito e filho lindo. O quanto é verdade?

Zero comercial de margarina. Eu tenho um ótimo casamento, tenho um filho lindo. Tem muito amor envolvido na nossa família, mas o resto é só a gente que está lá vivendo sabe. É verdade que a partir do momento que você quer que aquilo dê certo mais do que tudo na sua vida, você vai ceder, ser flexível e perdoar, como todo casal. Mas temos brigas, desentendimentos, inclusive eu posto sobre isso de vez em quando. Não pra fazer barraco, mas para mostrar que é real, que é de verdade, não é nada construído para as redes sociais.

Mulheres que são mães, esposa s e trabalham muito em geral sentem culpa. Com você é diferente?

Claro que tenho culpa. Culpa de deixar meu filho, de não poder pegar ele na escola. Culpa quando eu sinto que ele tá muito mais agarrado com meu marido, que meu marido tá muito mais presente na vida dele do que eu. Isso está sempre presente, a gente não pode se iludir. A vida de todas as pessoas tá muita pautada por dramas muito parecidos.

Uma das questões do empoderamento feminino, que você defende, diz que a mulher não precisa fazer tudo bem e ser perfeita em todas as áreas da vida. Mas você passa essa ideia de perfeição (profissional e pessoal). Como você se vê?

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Eu não passo ideia, é o que é. Eu trabalho, conquistei minhas coisas, trabalho desde os 18 anos, compro minhas coisas, tenho um casamento de parceria, de amor e de respeito. Tenho a sorte de ter um filho lindo, querido, amoroso, mas que tem os problemas dele de disciplina, óbvio. O que eu acho que temos que ter é igualdade de oportunidades. Eu fico muito irritada com o machismo, sou a favor das mulheres serem independentes e fazerem o que tiverem vontade de fazer na vida. Nesse sentido sou uma referência. Sempre fiz o que queria fazer, trabalhei o tanto que queria trabalhar, não gosto de pedir nada pra ninguém e gosto de ter o que eu quero, no meu tempo, do jeito que o meu trabalho e os meus rendimentos me permitem.

Você parece dividir muito bem as tarefas de casa com o marido, principalmente os cuidados com o filho. Você já foi criticada por mulheres por trabalhar muito? O machismo ainda superara a sororidade entre nós?

Sou mais criticado pelos homens. Tem amigos do meu marido que falam: nossa, mas ela nunca tá presente, como você aguenta isso? Acho que nos dois tiramos isso de letra, a gente até acha engraçado. Normalmente são homens porque tem mulheres que não trabalham. Mas tudo bem, tem que existir a liberdade de escolha para a mulher ser o que ela quiser. Eu gosto de levar a vida do jeito que eu levo, mas não me sinto no direito de julgar as escolhas de nenhuma outra pessoa. Mas claro que sinto que ainda existe muito machismo entre as mulheres. Se não houvesse mulheres machistas não criaríamos filhos machistas, que são os homens de amanhã, ou os homens de hoje, que foram os meninos de ontem.

Quais são os seus sonhos profissionais?

Quero experimentar outras mídias escrever meu livro, tocar meu pojeto na teve. Tenho vontade de comunicar ou outras mídias. To valorizando muito minha flexibilidade de horários, que vai me fazer muito feliz. Não tenho mais vontade, aos 37 anos, de fazer coisas que não acredito. Me machuca fazer coisas que não encontram eco em mim. Quero fazer só o que eu realmente acredito, projetos que eu acho que vão fazer diferença na minha vida e na vida das pessoas.

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O que é glamour para você?

Acima de tudo, saber rir de si mesmo. Quando você tem um nível de maturidade, de autoconhecimento e de amor por você mesma isso te permite errar ou mesmo curtir as coisas que você curte sem medo do julgamento dos outros. O verdadeiro glamour é essa autenticidade, essa coisa destemida, não ter medo de errar, não dever satisfação para ninguém , acho isso tão lindo. Para mim foi uma dura conquista , mas acho que conquistei o máximo que um ser humano pode conquistar, porque a gente tá sempre um pouco vitima da opinião alheia. Mas estou satisfeita com o que eu sou hoje.