Três pessoas foram presas na manhã desta sexta-feira (2) na Operação Curto Circuito, que investiga desvios no pagamento de empresas conveniadas com a Celesc. Os mandados de prisão temporária foram cumpridos contra um ex-funcionário da fornecedora de energia, preso em Florianópolis, e dois empresários, um homem e uma mulher, detidos em Balneário Camboriú e em Curitiba (PR), respectivamente.
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As investigações começaram em 2018, a partir de uma denúncia da Celesc, de acordo com o diretor da Diretoria Estadual de Investigações Criminais (Deic), Luis Felipe Fuentes.
— Foi percebida internamente uma irregularidade, além das providências administrativas foi encaminhada essa situação para a Polícia Civil, que prontamente instaurou o inquérito policial — afirmou Fuentes.
Conforme a Polícia Civil, os desvios teriam ocorrido entre 2009 e 2017, resultando em aproximadamente R$ 10,6 milhões em prejuízo à empresa catarinense, sem correção monetária.
Desvio ocorria no repasse à empresa
O delegado Jefferson Prado Costa, que está à frente da investigação, explica que a Celesc é responsável por receber e repassar valores às empresas conveniadas. Neste caso, de acordo com ele, o funcionário fazia alteração manual no sistema em favor de uma empresa que fornecia seguro de vida.
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— Ele entrava no sistema, fazia a alteração dos valores, imprimia esse documento e encaminhava para pagamento e sempre mudava para maior. Durante o período investigado, foram feitas 136 alterações — explicou o delegado.
Costa afirma que o consumidor final pagava o valor correto do seguro de vida e, como alteração era feita no controle contábil, o impacto era referente ao valor repassado à empresa e o dinheiro saía dos cofres da Celesc.
Funcionário foi demitido em 2017
O delegado revelou que o funcionário preso durante a operação havia sido demitido em 2017, após a Celesc denunciar o esquema à Polícia Civil. Costa contou que foi aberto um procedimento administrativo e, a partir disso, a fornecedora de energia adotou medidas para impedir que essas alterações voltassem a acontecer.
— Como eles recebem e repassam o valor, a conta não tem como ficar negativa. Se ficou negativa, é porque houve algum problema, e foi a partir dali que a auditoria chegou a essa apuração — disse.
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O funcionário deve responder pelos crimes de peculato eletrônico, por conta da alteração em benefício da empresa; associação criminosa, devido ao envolvimento com o núcleo empresarial, e também por lavagem de dinheiro.
— Como existe esse desdobramento da lavagem de dinheiro, existe a questão de ocultação ou simulação dos bens, que houve a participação de outras pessoas, que a gente chama de laranja ou testas de ferro, que também poderão ser indiciados — afirmou o delegado.