A Polícia Federal prendeu na tarde desta quarta-feira o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa. A decisão foi embasada em descoberta de que ele teria depositado, em contas da Suíça, US$ 23 milhões. Em outra conta, de um familiar, estariam mais US$ 5 milhões.
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A prisão dele foi solicitada por procuradores federais e decretada pelo juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba. O motivo: Costa sempre negou ter dinheiro depositado no Exterior.
As autoridades suíças, com base em pedido do Ministério Público Federal (MPF), já bloquearam os US$ 28 milhões, descobertos graças a cruzamentos de dados rastreados pelo laboratório de lavagem de dinheiro do órgão.
Costa é considerado, pelos procuradores, um dos chefes da quadrilha responsável por movimentar mais de R$ 10 bilhões em operações de lavagem de dinheiro relacionadas à Petrobras e que foram alvo da Operação Lava-Jato, da Polícia Federal (PF).
O ex-diretor da estatal foi solto em maio, após ter ficado preso por quase dois meses. Conforme as investigações, Costa ajudou empresas de fachada mantidas pelo doleiro Alberto Youssef a fechar contratos com a Petrobras, incluindo obras da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. Apenas nesse caso específico, a PF estima que foram desviados R$ 400 milhões da obra, considerada superfaturada pelo Tribunal de Contas da União (TCU).
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Veja as conexões descobertas pela Polícia Federal:
PF investiga possível pagamento de propina para Paulo Roberto Costa
A Polícia Federal suspeita que Youssef pagou R$ 7,9 milhões em propinas para Paulo Roberto Costa entre 2011 e 2012. Os pagamentos, segundo a PF, estavam “relacionados a obras da refinaria Abreu e Lima, licitada pela Petrobras na qual o investigado (Costa) teve participação”.
O ex-diretor da Petrobras recebeu valores e uma Land Rover de Youssef sob alegação de que havia prestado “serviços de consultorias”. Mas rastreamento promovido pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), órgão do Ministério da Fazenda que mapeia movimentações atípicas na rede bancária, indica que a relação do ex-diretor da Petrobras com Youssef “é bem mais profunda do que a alegada consultoria”.
“A prova documental revela pagamentos vultosos, sub-reptícios e sem causa lícita efetuados pelo doleiro Alberto Youssef a Paulo Roberto Costa”, diz a PF. Os pagamentos ocorreram, segundo planilhas apreendidas pela PF, entre 28 de julho de 2011 e 18 de julho de 2012.
As informações do Coaf sugerem a existência de uma conta corrente de Costa com o doleiro, além de contas comuns no exterior e a entrega de relatórios mensais da posição dele com o doleiro e com pagamentos em haver para ele e para terceiros, alguns deles também relacionados a negócios envolvendo a Petrobras, segundo a PF.
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A Operação Lava-Jato
A Operação Lava-Jato desmontou um sofisticado esquema de lavagem de dinheiro que atingiu o montante de R$ 10 bilhões. Youssef é suspeito de agir em conluio com Costa para desvios de recursos do Ministério da Saúde e da Petrobras. O doleiro foi protagonista do escândalo Banestado, evasão de US$ 30 bilhões nos anos 1990.
Indiciado por corrupção passiva, Costa foi preso em regime temporário, no dia 19, pelo prazo de 5 dias. Depois, teve a prisão preventiva decretada pela Justiça Federal, mas foi solto.
Personagem
Costa deixou a diretoria de Abastecimento da Petrobras em 2012. Ele participou ativamente do polêmico negócio da compra da refinaria de Pasadena, nos EUA. Ele ajudou a moldar o contrato ao lado do ex-diretor da área internacional, Nestor Cerveró. Costa também é personagem conhecido no mundo político. Quando comandava a área de abastecimento da Petrobras circulava com desenvoltura pelo Congresso e mantinha contato com vários partidos.