Roni Anderson Schiochet, 33 anos, se autodefine como um sujeito teimoso. Primeiro, porque não aceitou quando foi diagnosticado com diabetes aos seis anos de idade e viveu a juventude como se não precisasse de cuidados especiais, como seus dois irmãos.

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Depois, porque, quando parou de enxergar e seu rim deixou de executar as funções normais, não desistiu enquanto não se livrou por completo da doença. Foram 22 anos de convivência com a diabetes, e só há dois anos Roni deixou completamente as aplicações de insulina.

Nascido e criado no bairro Boa Vista, em Joinville, ele viveu por anos se alimentando como um jovem qualquer.

– Naquela época, eu não queria nem saber. Comia de tudo, até porque não havia tantas opções de produtos diet como hoje – conta.

A doença começou a se complicar quando Roni tinha 21 anos.

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– Fiquei uma semana sem enxergar depois que se formaram coágulos de sangue em meus olhos – lembra.

O problema foi resolvido após cirurgia, mas naquele momento o rim do joinvilense já não respondia como deveria devido à doença.

– Fiquei quatro anos fazendo hemodiálise – diz.

Por causa da diabetes, Roni não conseguia emprego, chegou a perder namoradas, mas foi durante o tratamento que conheceu Patiane, sua esposa, e resolveu fazer um curso de técnico de enfermagem.

-Foi uma forma de dizer a mim mesmo e a minha família que eu não queria morrer – recorda Roni, que logo depois de concluído os estudos começou a trabalhar no pronto socorro do Hospital São José, onde bate cartão até hoje.

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Para melhorar a qualidade de vida, e livrá-lo da hemodiálise, a mãe de Roni, dona Isaura, doou um rim para o filho, mas logo o órgão foi afetado pela diabetes. Foi quando Roni descobriu que era possível o transplante de pâncreas.

Viajou para São Paulo e decidiu encarar um duplo transplante, cirurgia com risco de até 75% de não dar certo. Mesmo assim, o joinvilense ficou na fila de doações e, dois anos e meio depois, em 2006, recebeu novos pâncreas e rim.

– Naquela época, eu já usava insulina até cinco vezes por dia – lembra.

A operação foi um sucesso e o técnico de enfermagem ficou dois anos sem o sufoco das injeções e da hemodiálise. Em 2008, perdeu o pai, seu Pasqual, vítima de enfarto, e um ano depois foi diagnosticado novamente com diabetes:

– Não se sabe o porquê da doença ter voltado. No Brasil, só existe seis pacientes com casos iguais – conta.

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Teimoso como sempre foi, só que agora em favor da vida, Roni volta a se submeter ao transplante de pâncreas em 2010, e hoje vive renovado e com planos de aumentar a família. Toda a sua história foi registrada no livro “Os Dois Lados da Moeda”, de sua própria autoria, que será lançado na segunda-feira, às 19 horas, no Teatro Juarez Machado.

– Considero esse livro o meu TCC. Foi uma forma que eu encontrei de que mais pessoas pudessem conhecer o que eu passei e, principalmente, os diabéticos terem incentivo por meio do meu relato – diz.