O fim das eleições em Santa Catarina trouxe em evidência novos nomes para a política catarinense. Entre aqueles que surgiram, está o da candidata a vice-governadora pelo PT, Bia Vargas (PSB). Em sua segunda disputa política, ela acredita que a esquerda no Estado sai fortalecida após os resultados deste domingo (30) e não descarta uma participação no pleito de 2024. 

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A chapa em que Bia participava, encabeçada pelo ex-prefeito de Blumenau e ex-deputado federal Décio Lima (PT), terminou o segundo turno com 29,31% dos votos — 1.237.016. Antes, sua primeira experiência política foi em 2020 quando concorreu ao cargo de vice-prefeita de Içara, no Sul catarinense, ao lado de Alex Michels, do mesmo partido. Na ocasião, a chapa ficou em 2º lugar, conquistando 32,59% dos votos. 

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Atualmente com 35 anos, Bia Vargas trabalha em uma produtora de eventos, mas vê na sua figura política uma forma de levar a representatividade que tanto falta dentro do cenário catarinense. 

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A ex-candidata conversou com o Diário Catarinense onde fez uma análise da campanha, projetou o futuro e comentou o cenário brasileiro com o fim das eleições.

Diário Catarinense: Qual a avaliação que você faz da campanha?

Bia Vargas: O saldo para gente nessas eleições não tem como não ser positivo. Nós alcançamos uma posição inédita, então inauguramos um novo momento da história do campo progressista de esquerda em Santa Catarina. A nossa votação também foi expressiva no ponto de que foi a maior do PT em Santa Catarina da história. [Com isso] reorganiza toda a esquerda no Estado e fomenta um levante de novas lideranças. Acabamos com esse movimento oxigenando toda a esquerda aqui. Nós temos agora canais que acabaram aparecendo como uma bela liderança, como a Giovana Mondardo (PC do B), no Sul, tantos outros nomes… o Marquito (Psol) que foi eleito deputado estadual. Nós temos vários nomes aí que, com toda certeza, vão encabeçar essa frente pro futuro. Então, a gente sai com o sentimento real de vitória. Perdemos nas urnas, mas a vitória eleitoral e de todo o campo, ela é palpável. Tanto que as manifestações que temos recebido desde então, em momento nenhum, nos remete algum tipo de tristeza ou desânimo. É um gás para que a gente continue a fazer essa conversa, esse diálogo com todos os catarinenses, para que em 2024, 2026, a gente continue reverberando. 

Você citou a criação de novas lideranças nessas eleições. Você se coloca entre essas lideranças que surgiram?

A minha participação tinha como objetivo chegar ao segundo turno. Então, o resultado me leva a crer que sim. A figura que eu represento acabou colaborando, e muito, para que a gente alcançasse essa meta. A gente tinha que representar o máximo possível de perfis dentro do Estado e, aí, nós colocamos uma mulher, negra, mãe solo, microempreendedora, numa chapa majoritária. Uma população que nunca antes foi representada com tanto destaque. Tive uma participação ativa em toda a campanha, fui em todos os debates, acompanhei todas as viagens, fiz agendas sozinha por todo o Estado. Entendemos no caminho que realmente a gente acertou trazendo essa proposta, porque a gente teve como resposta do público que esse é o caminho. As pessoas querem se enxergar. Querem esse agente político, que vai representá-las nesse espaço de poder, que tenha uma biografia muito parecida com a delas, e a gente conseguiu esse estreitamento. Eu acredito, sim, que a minha participação teve uma positividade no resultado, uma grande participação nisso e me coloco também como uma das grandes lideranças que surgem nesse momento.

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Os desafios da transição no governo federal

Nesse momento pós-eleições, como está o planejamento? Alguma pretensão para as eleições municipais em 2024 ou até mesmo uma participação no Governo Federal?

Olha, agora estamos em conversa. Primeiro a gente precisa arrumar a casa. Então, agora é fazer um balanço de todo um saldo dentro dos partidos. Eu sou do PSB e dentro do PSB tem que fazer todas as nossas conversas, realinhar isso. Eu acredito que a composição do Governo Federal acaba sendo natural, até para que a gente continue colocando esse projeto na rua. A gente teve a possibilidade de fazer parte do governo, [o que] acaba auxiliando nessa disseminação da mensagem. Então a gente precisa continuar passando a mensagem para que, em 2024, tenhamos a possibilidade de continuar, seja em uma prefeitura, seja para vereador. Eu ainda não tenho definido esse caminho, mas o que nos traz a política é a indignação da realidade. Então é muito provável que essa realidade não mude tanto a ponto de não permitir que a indignação aconteça, A gente vai estar na rua, com certeza. 

E no Governo Federal, você chegou a ser sondada para ter algum cargo? 

Conversas existem, mas nada muito direcionado que eu possa te indicar, se eu vou para Brasília, se eu vou ficar em Santa Catarina, se eu vou para algum ministério. Ainda não tem nada dessa definição. É muito recente. Agora eu quero voltar para casa, fazer esse casamento que eu tenho para fazer no sábado, que é um contrato que eu tenho desde a época da pandemia. E depois eu preciso descansar um pouco. Eu vou pegar o Hugo [filho dela], fazer uma viagem com ele, dar uma descansada. Ele sofreu muito com a distância nessa eleição. E depois a gente vê o que a gente faz. Muito provável que isso vai acontecer ali no meio dessa loucura toda, mas eu não quero atropelar as situações. Deixa o presidente comemorar, receber as ligações que ele está recebendo, e aí a gente vai compondo isso.

Você chegou a conversar com o Lula no pós-eleição?

Não, no pós-eleição ainda não. O Décio esteve com ele, mas eu ainda não.

A respeito das manifestações da última semana, como você vê essa movimentação?

Eu avalio como uma grande contradição, porque a gente viu um grupo que bradava, até então, sobre liberdade, direito constitucional, sobre ir e vir, defesa da economia e etc, fazendo justamente o contrário, não respeitando o resultado da democracia, que foi o que as urnas contaram para a gente no domingo. Não respeitando esse resultado e tendo uma ação completamente equivocada e autoritária, impedindo com que todos os cidadãos pudessem fazer a regra número um que é ir e vir, impedindo esse direito constitucional de cada um, atrapalhando a saúde, prejudicando a economia, e toda a movimentação das pessoas. E justamente começa em um Estado onde a maioria votou no presidente que perdeu. Então, os maiores prejudicados são eles mesmos. É completamente contraditório e sem fundamento algum. Não tem como definir como somente como baderna. É uma grande baderna que não vai alcançar nenhum resultado positivo, não vai alterar nenhum resultado das urnas, não tem como mudar o que aconteceu, e agora é aceitar. Eles poderiam seguir, por exemplo, o que aconteceu em 2018 quando a gente, do campo progressista de esquerda, viu uma derrota, sabíamos do abismo que íamos entrar e simplesmente seguimos a vida. É o que tem que fazer, aceitar o resultado e seguir a vida. Era o que eles deveriam estar fazendo ao invés de causar tantos transtornos.

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