A língua portuguesa é uma das poucas no mundo que tem em seu vocabulário a definição para a palavra saudade, sentimento inexplicável que cada um vivencia à sua maneira. A chegada do Dia dos Pais me leva a uma dicotomia sentimental. Ao mesmo tempo em que fico feliz pela homenagem prestada à essa dádiva divina chamada paternidade, que vivo intensamente a partir do primeiro choro da minha filha Marcela, em 9 de dezembro de 2014, reforço-me também de um vazio desde as primeiras horas da madrugada de 30 de outubro de 2011, data da morte de meu pai.
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Sempre fui um cara que desde cedo sonhava em ser pai, e que tinha essa certeza reforçada pela maneira divertida, e muitas vezes perigosas, que o meu pai, Seu Veroni, tratava as crianças que faziam crescer a família. Aprendi com ele a “gostar de criança”, como costumam dizer. Entre seus vícios e virtudes, ele sempre foi meu companheiro, meu amigo, meu exemplo e, desde que me formei jornalista, até meu fã.
A cada manhã em que sou acordado pelos beijos, abraços e o “oiiii” da Marcela (uma maneira muito mais divertida de dizer bom dia, convenhamos), fico tentando lembrar se também o fazia quando criança. E num interminável exercício de imaginação fico pensando como ela e meu pai iam se curtir. Queria poder viver esse momento junto com eles. Ouvir dicas e até mesmo broncas no trato com a minha alemoa. E até de poder brigar com ele por alguma malcriação ensinada ou brincadeira perigosa com a Marcelinha.
Dizem que a gente só aprende a ser melhor filho quando vira pai. E que a garantia de paternidade é estendida quando nos tornamos avôs. Seu Veroni não está aqui conosco para usufruir dela, mas com certeza teve a licença renovada. Resta a saudade.
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