Duas atividades de fomento ao empreendedorismo serão realizadas nesta terça-feira na região Norte do Estado.
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Em Jaraguá do Sul, ocorre o Quiosque Sebrae, que vai orientar gratuitamente a comunidade e acadêmicos sobre como se tornar um empreendedor individual. No espaço, serão abordados temas como estratégia e gestão de negócios. Já em Corupá, o diretor-presidente da Celesc, Cleverson Siewert, ministra a palestra A luta empreendedora por um Brasil melhor.
Os dois eventos integram a programação da Semana Global do Empreendedorismo, que ocorre simultaneamente em mais de 130 países. Em Santa Catarina, onde a iniciativa é coordenada pela Endeavor, organização internacional de estímulo ao empreendedorismo, serão cerca de 100 atividades ao longo de novembro. O objetivo é incentivar a cultura empreendedora, por meio do compartilhamento de conhecimentos e de experiências.
Talento para empreender é o que não falta na região. O coordenador da Endeavor no Estado, Marcos Mueller, acredita que muitos catarinenses veem no empreendedorismo uma opção de carreira para construir um mundo melhor. Mueller concedeu entrevista a “AN”, onde destacou os desafios de se lançar no mundo dos negócios no Brasil.
Entrevista: Marcos Mueller, coordenador da Endeavor em Santa Catarina
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A Notícia – Por que é tão difícil ser empreendedor no Brasil?
Marcos Mueller – Nosso ambiente regulatório é um dos principais entraves: temos a taxa mais alta do planeta em relação ao tempo de trabalho para pagar impostos. São 2,6 mil horas, ou três meses e meio, para cumprir as exigências do fisco. Além disso, somos o quinto pior país, entre 185 estudados, em relação ao tempo necessário para abrir um negócio (119 dias). Depois, ainda temos sérios problemas na questão logística, que encarece os produtos que circulam pelo país, e, em vários segmentos, a falta de mão de obra qualificada. Isto tudo é um balde de água fria para quem sonha em empreender. E empreender é realmente um sonho, pois quem empreende abre mão de muita coisa para se dedicar integralmente aos projetos.
AN – Quais os desafios para os empreendedores em um mercado cada vez mais competitivo?
Mueller – Quando a concorrência aperta, é preciso inovar e saber se relacionar. Uma ação leva à outra. Se eu quero inovar, preciso procurar ideias, conversar com outras pessoas. Quem empreende sabe que vai encontrar inúmeras dificuldades e desafios pelo caminho, então naturalmente deve ficar atento ao que outras pessoas estão fazendo e também ouvir o que os clientes e parceiros têm a dizer. Nem todos que estão entrando no mercado hoje estarão nele daqui a alguns anos. O que um bom empreendedor deve saber é como se posicionar, ficar bem informado e ter uma boa rede de relacionamentos para oportunizar novos negócios.
AN – O brasileiro é um bom empreendedor?
Mueller – O brasileiro gosta de aproveitar as oportunidades que surgem. Isso a gente vê no dia a dia, desde um ambulante na praia ou no semáforo até quem juntou um dinheiro e mudou de emprego para investir num novo negócio. Muitas pessoas, porém, têm vontade, mas não a atitude e o conhecimento necessários para empreender e prosperar. Embora três em quatro brasileiros prefira empreender, apenas 19% acha muito provável abrir um negócio nos próximos cinco anos. Entre os quatro maiores problemas enfrentados pelos empreendedores brasileiros, três estão ligados à falta de conhecimento, principalmente nos quesitos gestão de pessoas, fluxo de caixa e como administrar um negócio. Soma-se a isso a informação de que muitos acreditam que o empreendedorismo é algo intrínseco às pessoas e, portanto, colocam o preparo em segundo plano.
AN – O que precisa ser feito para estimular ainda mais o empreendedorismo no País?
Mueller – Acredito que sejam várias ações conectadas. Não há uma única solução. É preciso estimular os micro e pequenos empresários com uma regulamentação que simplifique o processo, algo como já foi feito com o projeto do Empreendedor Individual. Trazer noções de empreendedorismo para sala de aula desde cedo é outra forma de preparar os jovens para, caso queiram, seguir este caminho. E empreender também é saber se relacionar. Essa cultura de rede, cada vez mais importante em uma sociedade super conectada, é algo que estimula direta e indiretamente as ações empreendedoras.
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