A previsão de chuva para este fim de semana provocou o adiamento da programação de encerramento da edição de 2015 do Projeto Joinville Que Queremos, do jornal ‘A Notícia’. Previsto para domingo, no Complexo da Expoville, o evento foi transferido para a primeira semana de dezembro.

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Abertas ao público, as atrações estão em sintonia com o tema qualidade de vida, que ilustrou a série de reportagens da última etapa do projeto. São mais de 15 opções gratuitas, entre sessões de ioga e tai chi chuan, oficinas de alimentação saudável e atletismo e recreação infantil.

Confira página especial do projeto Joinville que Queremos.

Os visitantes poderão aproveitar o quiosque de massagem, onde especialistas vão aplicar a técnica quick massage, que favorece principalmente as costas, braços e a cabeça. Com duração de cerca de 15 minutos, ela é indicada principalmente para aqueles precisam de um alívio na rotina.

Parece simples, mas o ato de amassar, comprimir e mobilizar a pele e os músculos, quando feitos tecnicamente, podem refletir em benefícios tanto físicos quanto psicológicos. Segundo a massoterapeuta Ana Luiza Parisotto, do Instituto Irei, essa prática aumenta a circulação sanguínea nos músculos, a oxigenação e a dilatação, permitindo que haja mais nutrientes e, portanto, a sensação de relaxamento no corpo.

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Os motivos que levam à procura da massagem são os mais diversos. Desde o alívio do estresse, terapia sobre problemas físicos como a escoliose ou no sistema gastrointestinal, por exemplo, e para tratamento pós-traumático, pois acalma o corpo e isso pode se transferir para a mente. Além das técnicas mais conhecidas, como a relaxante, desportiva e estética, há as orientais, como a shiatsu, que trabalha com energias, e a ayurvédica, que é aliada a alongamentos.

– Está aumentando o conhecimento das pessoas sobre os benefícios da massagem. Isso faz com que elas venham prevenir ou tratar patologias. Com o relaxamento inicial, trabalhamos a parte muscular, psicológica e emocional – explica Ana Luiza.

O estresse causado pelo período final da faculdade, durante o trabalho de conclusão de curso, levou a assessora comercial Rosangela Fávero, 25 anos, a procurar a massagem para descarregar as energias. Alívio instantâneo de dor e mais disposição foram os benefícios que ela sentiu imediatamente quando iniciou com as sessões, há cerca de cinco anos. Com a prática, ela conseguiu avançar nos estudos e ter melhor desempenho.

– Sentimos dor e não sabemos o que fazer. Achamos que tomar remédio em casa vai adiantar e nem percebemos o quanto estamos tensos do estresse do trabalho, com o corpo todo duro e dolorido. Não temos noção de como o massoterapeuta pode nos auxiliar. Encontrei qualidade de vida, porque quando se tem dor não conseguimos render no dia a dia – diz Rosangela.

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Além da massagem relaxante, o evento terá aulas de ioga com a professora Luana Isse de Freitas, coordenadora do projeto Ioga no Parque Expoville, que há quase dois anos oferece sessões gratuitas no local. Segundo Luana, a prática vai além do trabalho corporal, portanto os participantes poderão experimentar um momento de meditação.

– O ioga ajuda fisicamente, fortalece os músculos, contudo é errôneo pensar que é uma prática física. É uma prática mental, espiritual. Se tem mais coragem, mais força e entende-se os problemas internos. Você começa a enxergar o mundo como parte de si mesmo e a sua responsabilidade com tudo o que está a sua volta – comenta a professora.

Durante a tarde, os visitantes também poderão participar das aulas de tai chi chuan – uma arte marcial milenar, da oficina de atletismo e receber orientações sobre alimentação saudável. Haverá uma tenda com distribuição de frutas.

Para o público infantil, além da estrutura com brinquedos, haverá oficinas de pintura e escultura com palhaços.

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Confira algumas atrações

– Aulas de tai chi chuan

– Massagem relaxante

– Brinquedos

– Aulas de ioga

– Oficina de alimentação saudável

– Oficina de atletismo

– Animação infantil, pintura e escultura com palhaços, perna de pau, oficina de pintura e distribuição de frutas

Artigo: Até os cem anos

Graziella Demantova é arquiteta, urbanista e coordenadora do curso de arquitetura e urbanismo da UniSociesc

A existência de redes de infraestrutura nas cidades é tão antiga quanto elas mesmas. Porém o entendimento da relação entre infraestrutura urbana e qualidade de vida é mais recente. Filósofos e políticos passaram a falar sobre qualidade de vida. Com o tempo, o termo passou a fazer parte do discurso e prática de cientistas sociais, profissionais das ciências humanas e biológicas.

Na área da saúde, passaram a estudar o tema na tentativa de minimizar algumas doenças, diminuir a mortalidade e aumentar a expectativa de vida. Sobre isso, Joinville está acima da média nacional com 78,3 anos comparado com os 74,5 anos da média brasileira (2012).

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E será que a infraestrutura urbana, suas redes e equipamentos têm mesmo alguma relação com nossa qualidade de vida? Claro que sim.

A Organização das Nações Unidas (ONU) desenvolveu um questionário na década de 90 para avaliar a qualidade de vida em diferentes culturas. Para cada pessoa, ela pode ser sentida de maneira diferente. Porém, mesmo as diferentes percepções têm algo em comum: aquela sensação de bem-estar físico, mental e emocional. Um sentimento bom.

E como a maioria de nós vive em áreas urbanas, as cidades influenciam diretamente nosso modo de vida e consequentemente nossa qualidade de vida. A intenção é conhecer a realidade em que vivem diferentes populações e priorizar determinadas políticas e projetos específicos onde há precariedade. Este questionário, intitulado WHOQOL (Who Quality of Life), tem cem questões que passam por cinco domínios, ou áreas, que os especialistas acreditam serem responsáveis pela qualidade de vida: físico, psicológico, independência, relações sociais e ambiente.

As relações de independência dizem respeito à capacidade que as pessoas têm de se deslocarem pelo lugar onde moram e trabalham para exercer suas atividades diárias. Esse aspecto da qualidade de vida é totalmente influenciado pela infraestrutura viária, ruas, avenidas, calçadas, ciclovias e equipamento de transporte público. Vamos olhar para Joinville e resgatar seu título de cidade das bicicletas, temos tanto potencial para ser trabalhado nesse sentido.

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Já a área relativa ao ambiente, que é o espaço urbano em sua totalidade, influencia todas as sensações com relação à segurança física, proteção nos ambientes construídos, abertos ou fechados, públicos ou privados existentes na cidade. E tudo vira uma cadeia de relações, de variáveis que influenciam diretamente o ser humano, quando pensamos que alguns modos de transporte além de poluição sonora, geram poluição atmosférica e barulho somado a dióxido de carbono resulta em baixa qualidade de vida.

Por ter uma malha urbana reduzida, nossa cidade, resultado da acumulação histórica de transformações no território do rio Cachoeira, nos traz inúmeros benefícios nesse contexto: menos deslocamentos, consequentemente menos poluição, um centro mais valorizado, possibilidades de encontros, acesso a diferentes serviços e equipamentos urbanos.

E é claro que as relações sociais são influenciadas também pelos arranjos espaciais, pela localização das edificações, pelos encontros e desencontros que toda essa infraestrutura possibilita ou impede. E uma das coisas mais peculiares que a infraestrutura desta cidade promove com relação aos encontros é o encontro com o passado, com as práticas sociais de nossos antepassados e memórias coletivas.

Podemos ler um pouco da história da cidade ao caminharmos pelas ruas e calçadas e contemplar casarões antigos, casas enxaimel que não nos deixam esquecer como tudo começou. E que nos fazem refletir como as mudanças do passado e de colonos para a cidade industrial se refletem na nossa qualidade de vida.

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Acredito que todos fizeram um excelente trabalho e que a base que criaram, enraizada na infraestrutura urbana de hoje, pode nos fazer chegar aos cem anos. Tomara que sim.