O estudo relatado neste artigo, aborda o tema, acerca da evasão docente, processo de abandono do professor, um grande desafio que a Educação vem enfrentando atualmente em que um considerável número de profissionais da educação vem abandonando as salas de aula, devido à inúmeras causas que permeiam o seu espaço de trabalho.
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Educar é uma das tarefas mais prazerosas, mas também uma das mais desgastantes da inteligência. Dados de qualidade de vida dos educadores mostram que eles são verdadeiros heróis anônimos. A quantidade de sintomas psíquicos e psicossomáticos que a classe dos educadores está experimentando é enorme, tais como insônia, desmotivação, cansaço físico exagerado, humor deprimido, hiper-aceleração de pensamentos, ansiedade, cefaléia, vertigem Tudo isso representa um perigo para as próprias instituições escolares, pois do mesmo modo que o tornar-se professor é um processo no qual o indivíduo se constrói enquanto educador, também o deixar de ser professor se mostrou, a partir das histórias dos ex-professores como um processo que vai se concretizando ao longo do percurso profissional. Denominamos esse processo como evasão docente.
O abandono, não é apenas a simples renúncia ou desistência de algo, mas o desfecho de um processo para o qual concorrem insatisfações, fadigas, descuidos e desprezos com o objeto abandonado, significa o cancelamento das obrigações assumidas com a instituição escolar, quando o professor pede exoneração do cargo ou, de maneira mais abrangente, no cancelamento das obrigações profissionais, quando deixa de ser professor.
Muitas causas são apontadas pelos autores para essa problemática vivida nas escolas, chamadas por alguns teóricos como fenômeno dos Professores Retirantes. Entre as causas estão: atuação em disciplina em que não é formado, baixos salários, desvalorização do professor, exigências do sistema educacional perante a constante reciclagem do profissional frente aos avanços tecnológicos, condições inadequadas para o exercício da profissão, carga excessiva de trabalho e a qualidade das relações interpessoais no ambiente de trabalho.
Para a solução dos problemas citados, faz-se necessário o desenvolvimento de políticas de valorização dos professores, visando a melhoria das condições de trabalho e de salário, assim como é igualmente importante o investimento na sua qualificação. É preciso ainda melhorar as condições físicas das escolas, é necessário que o professor realize um trabalho de parcerias, junto com as famílias, comunidade, gestores e parte organizadora deste processo, privada ou pública e que todos envolvidos, principalmente o professor, se perceba parte essencial na esfera da sociedade.
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A educação está na pauta das discussões mundiais em diferentes lugares do mundo discute-se cada vez mais o papel essencial que ela desempenha no desenvolvimento das pessoas e da sociedade. E nesse contexto a figura do professor assume importante papel, visto que o mesmo é responsável em adequar o ensino à aprendizagem, possibilitando dessa forma um ensino mais relevante e significativo para os alunos, garantindo assim a formação de cidadãos autônomos, críticos e participativos, capazes de atuar com competência, dignidade e responsabilidade na sociedade em que vivem, se algo poderá mudar o que está posto na sociedade caótica em que vivemos, será através da educação.
A educação avança menos do que o esperado porque enfrenta uma mentalidade predominante individualista, materialista, que busca as soluções isoladamente. Mesmo os colégios mais avançados tecnologicamente continuam apegados às aulas com transmissão de conteúdo, fragmentadas em disciplinas, com presença obrigatória e pouca flexibilidade e inovação.
Se quisermos provar que a educação é um desastre e que a escola está atrasada, temos inúmeras estatísticas e experiências que o comprovam; basta acompanhar os resultados de alunos brasileiros em competições internacionais. Se, pelo contrário, quisermos mostrar que avançamos muito, que está havendo uma revolução silenciosa em escolas inovadoras, que há muitos grupos de profissionais competentes e de alunos realizando experiências fantásticas, que a escola está mudando com novos projetos e uso criativo de tecnologias, também encontramos bons exemplos para comprová-lo. Tudo está acontecendo ao mesmo tempo: o atraso, a burocracia e a inovação.
É importante termos uma visão realista, mas não desesperançada e destrutiva. É preciso apostar mais na mudança, em novas possibilidades que se concretizam, do que no pessimismo desesperançador e corrosivo. A educação é um processo de toda a sociedade, não só da escola, que afeta a todas as pessoas, o tempo todo, em qualquer situação pessoal, social, profissional e através de todas as formas possíveis. Toda a sociedade educa quando transmite idéias, valores, conhecimento. Família, escola, meios de comunicação, amigos, igrejas, empresas, Internet, todos educam e, ao mesmo tempo, são educados, isto é, aprendem, sofrem influências, se adaptam a novas situações.
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Os mecanismos de evasão, se caracterizam por um distanciamento físico ou psicológico do trabalho, e indicam o enfraquecimento e até mesmo a ruptura de alguns vínculos, são nomeados de abandonos temporários e abandonos especiais.
A ruptura total e definitiva dos vínculos estabelecidos com a escola e com o trabalho docente, mesmo quando estes já estão enfraquecidos pelas dificuldades e insatisfações, é muito difícil de ser realizada. Essa dificuldade em abandonar definitivamente o trabalho se deve a vários fatores. A importância do dinheiro recebido pelo trabalho, o fato de que o estabelecimento desses vínculos custou esforços por parte da pessoa, e ter que se afastar provocará, além da frustração, também a sensação de fracasso, de ter sido mal sucedida em seus esforços. Um outro fator são as perdas que o abandono implica. Tudo o que foi conquistado será perdido: o cargo, o trabalho, as pessoas. Serão perdidos também os sonhos e ideais relacionados ao ser professor; uma parte da identidade e uma parte da vida. Renunciar a essas coisas não é fácil, mesmo quando elas não se apresentam exatamente como se esperava.
O professor que não pode abandonar definitivamente o trabalho, ficará exposto a um estado de tensão, se levado ao extremo, leva os professores a manifestarem um tal esgotamento de suas energias que eles não conseguem, de fato, continuar trabalhando. Não podendo deixar o trabalho, recorrerão a outro mecanismo de evasão, aqui denominado de acomodação. É o burnout, expressão utilizada por autores estrangeiros para designar esse fenômeno de estresse acentuado dos professores que vem sendo constatado em vários países.
Burnout é a cronificação do estresse ocupacional, tendo como conseqüência comprometimento do trabalhador nas áreas pessoal, profissional, familiar e social. Esta por sua vez é ainda pouco conhecida pelos profissionais, inclusive os da área de saúde, que deveriam estar aptos para orientar, encaminhar ou até mesmo intervir quando diante de um diagnóstico dessa natureza.
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É importante pensar na educação que valorize as pessoas, que as liberte dos ditadores das soluções únicas, das imposições autoritárias em qualquer campo, principalmente no emocional. Que ajude a aprender a desconfiar de modelos fechados, de caminhos únicos, de ideologias opressoras. Não há soluções perfeitas, acabadas, mas soluções possíveis. É importante propor caminhos de aprender a libertar-se, a fazer escolhas cada vez mais libertadoras, ajudados por pessoas-educadoras que caminham também nesse mesmo processo de liberdade. Na educação pessoal precisamos olhar o todo, o resultado mais amplo e de longo prazo e não só o sucesso profissional e econômico.
Algumas estratégias podem reverter esse quadro: Traçar linhas de ação pedagógica maiores que norteiem as ações individuais, sem sufocá-las. Respeitar os estilos de dar aula que dão certo. Um currículo, mais integrado, mais próximo do cotidiano, com mais liberdade de percurso, de escolhas, de integração significativa. Metodologias, mais ativas e focadas em pesquisa e produção Maior integração com os pais, com a família. Professores mais preparados, melhor formados, melhor remunerados. Gestores pró-ativos, dinamizadores, bem preparados e com visão humanista. Ensinando valores importantes para a convivência, para o equilíbrio pessoal, para a não dependência emocional, para a valorização pessoal. Utilização das mídias possíveis e de forma integrada. Avançaremos mais pela educação positiva do que pela repressiva.
A educação escolar precisa de uma forte sacudida, de arejamento, de um choque. Uma das questões que determina o sucesso profissional maior ou menor do professor é a capacidade de relacionar-se, de comunicar-se, de motivar o aluno de forma constante e competente.
O educador não precisa ser “perfeito” para fazer um grande trabalho. Fará um grande trabalho na medida em que se apresenta da forma mais próxima ao que ele é naquele momento, que se “revela” sem máscaras. Quando se mostra como alguém que está atento a evoluir, a aprender, a ensinar e a aprender. O bom educador é um otimista, sem ser “ingênuo”. Consegue “despertar”, estimular, incentivar as melhores qualidades de cada pessoa.
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A educação tem que surpreender, cativar, conquistar os estudantes a todo momento. A educação precisa encantar, entusiasmar, seduzir, apontar possibilidades e realizar novos conhecimentos e práticas. O conhecimento se constrói a partir de constantes desafios, de atividades significativas, que excitem a curiosidade, a imaginação e a criatividade . Estamos caminhando para uma aproximação sem precedentes entre os cursos presenciais (cada vez mais semi-presenciais) e os a distância . Quanto mais tecnologias avançadas, mais a educação precisa de pessoas humanas, evoluídas, competentes, éticas . A educação que desejamos: novos desafios e como chegar lá.( Augusto Cury, 2003, p.147).
A escola é um dos espaços privilegiados de elaboração de projetos de conhecimento, de intervenção social e de vida. É um espaço privilegiado de experimentar situações desafiadoras do presente e do futuro, reais e imaginárias, aplicáveis ou limítrofes, mas é preciso melhorarmos a qualidade de vida dos educadores
Uma escola que prepara os professores para um ensino focado na aprendizagem viva, criativa, experimentadora. Uma escola com apoio de grandes bases de dados multimídia, com acesso a muitas formas de pesquisa, de desenvolvimento de projetos. Que envolve afetivamente os alunos, dá suporte emocional, que faz com que os alunos acreditem em si mesmos. Esta escola terá muito mais chance de dar certo, de formar alunos mais críticos e professores mais felizes.
Silvia Maria Jasper
Assistente técnica pedagódica
E.E.B.Francisco Altamir Wagner
Rio do Sul – SC