Os ministros europeus fecharam na madrugada desta quinta-feira um acordo histórico para acelerar a entrada em vigor de um mecanismo de supervisão dos bancos na zona do Euro, que permitirá a recapitalização direta das instituições mais afetadas pela crise. Após 14 horas de negociações e uma semana depois de um fracasso, finalmente França e Alemanha chegaram a um consenso para a criação do Mecanismo Único de Supervisão Financeira (MUS), coordenado pelo Banco Central Europeu (BCE), o primeiro passo para a união bancária do bloco. Mas os países prolongaram o calendário previsto em mais de um ano: o MUS deve estar operacional em março de 2014, ao invés de janeiro de 2013 como estava previsto inicialmente, destacou o comissário europeu Michel Barnier, que celebrou o “histórico” consenso.
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-O MUS é chave para restaurar a confiança nos bancos europeus-, destacou o ministro cipriota, Vassos Shiarly, cujo país ocupa a presidência rotativa europeia. completou.
Uma vez que o mecanismo esteja operacional de maneira efetiva, a zona do euro poderá executar a recapitalização direta dos bancos, sem que a ajuda se transforme em dívida pública. Após uma dura disputa, os países decidiram que o BCE assumirá a supervisão dos bancos com ativos superiores aos 30 bilhões de euros ou 20% do PIB do Estado membro participante (quase 100 bancos), enquanto as demais instituições permanecerão sob controle das autoridades nacionais, como pretendia a Alemanha. Assim, os bancos ou caixas regionais germânicos ficarão de fora do mecanismo.
Outro assunto que provocava divergências eram as diferenças entre os 17 países da zona do euro e os 10 países restantes da UE, incluindo a Grã-Bretanha, que tem a maior praça financeira do continente, que não queriam ficar de fora. Se o BCE, cumprindo o papel supervisor único, votar em nome dos 17 da zona do euro na EBA (Autoridade Bancária Europeia), os 10 países que não integram o bloco monetário temem ficar em minoria, levando em consideração que as decisões são tomadas por maioria qualificada. A ideia agora é que as decisões sejam adotadas por maioria simples tanto no grupo dos 17 como entre os 10 restantes da UE, para que ninguém fique em minoria.
-Alcançamos um equilíbrio para preservar a coerência de um mercado único- disse Barnier.
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