A Câmara de Florianópolis reconheceu nesta quinta-feira (20) a sua primeira vereadora. Desde o final da tarde, a fotografia de Eulina Marcelino (PSD) está na Galeria Lilás, espaço dedicado às mulheres que atuaram como vereadores nesses 350 anos da história do Parlamento.
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Agora são 14 retratos. A instalação foi proposta da vereadora Carla Ayres (PT), responsável pelo projeto, e que desde 2019 reverencia a memória das parlamentares.
Eulina Alves de Gouvêa Marcellino viveu 72 anos e foi contemporânea de mulheres importantes no cenário catarinense, como Antonieta de Barros, professora e primeira deputada negra do país.
— A galeria também é uma forma de denunciar a ausência ou baixa participação das mulheres no parlamento. Hoje temos seis mulheres eleitas pelo voto, pois todas as anteriores foram suplentes — disse a vereadora Carla Ayres.
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Para Jeruse, estudiosa e pesquisadora, é preciso destacar a importância do quanto de biografias nasceram junto com Antonieta de Barros.
— Eulina e Antonieta foram contemporâneas e seguramente amigas, ambas unidas pelo magistério. Eulina tem uma ancestralidade negra.
A bisneta Binah lembrou que Eulina assumiu aos 51 anos, já próximo da aposentadoria. Contou que entre outras coisas, a bisa declamava Cruz e Sousa junto com seus alunos.
— Minha avó representou um segmento que agora se encontra ameaçada, o magistério.
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Reportagem apresentou a história ao público
A história de Eulina Marcelino foi apresentada ao público em uma reportagem publicada em setembro de 2022 no NSC Total (leia aqui). Além de entrevistas com Binah Ire Vieira Marcellino, a bisneta de Eulina que se dedicava a uma pesquisa, e com a professora Jeruse Romão, foi utilizado jornais da época.

A reportagem mostrou que, na página três do Jornal O Estado, edição de 29 de março de 1951, constava uma informação que mudaria a história da Câmara Municipal de Florianópolis. Capaz de alterar a ordem que dá a Olga Brasil da Luz o primeiro lugar da Galeria Lilás. Pela primeira vez, diz a matéria jornalística, uma mulher assumia uma cadeira na Câmara de Vereadores.
Na sessão, Eulina Marcelino era saudada por Osmar Cunha e Gercino Silva, líderes respectivamente, do PSD e da UDN. Ambos destacavam a atuação da colega, então diretora do Grupo Escolar José Boiteux, e recém-chegada para substituir Miguel Daux (PSD), que se afastava por motivo de viagem. Esta descoberta sobre a educadora catarinense, com elogiada atuação na rede pública estadual entre as décadas de 1920 e 1950, fazia parte da pesquisa de Binah Ire Vieira Marcellino, bisneta de Eulina, bacharela em Arquivologia e mestra em História pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
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