Assim que o árbitro Heber Roberto Lopes decretou o fim do jogo e o som do seu apito ecoou nos ouvidos de todos presentes na Arena Condá, o treinador Vadão se rendeu aos abraços eufóricos de toda a comissão técnica. O jogo acabou, o campeonato acabou e o time que começou contestado comemorava pelo gramado úmido do sereno da noite. A festa era tricolor e a emoção pela vitória tomava conta dos jogadores e comissão técnica.
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Na confusão que se seguiu, todos correram para a torcida, exceto Vadão, que seguiu a passos mais lentos. No caminho, resumiu a conquista ao mérito dos jogadores que batalharam em campo e agradeceu a diretoria, pela oportunidade, e aos torcedores, pela confiança desde a sua chegada ao clube.
– Eu tinha esse débito com a torcida. Eles acreditaram em mim no início. Agora eles também merecem esse título.
Confiança e fé. Dois valores que guiam o grupo do Criciúma e o levam aos braços da torcida em um relacionamento de apoio e conquistas. Com a chegada do treinador, o meia Ivo se tornou referência no meio de campo e dono da camisa 10. Ao som dos torcedores, Ivo expressou a força que o time teve durante o campeonato com um provérbio que o mantém no caminho certo.
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– Deus coloca as coisas loucas no mundo para confundir as sábias – disse Ivo como um mantra, antes de se juntar aos colegas. Na camiseta estava escrito “Jesus te ama” e com amor ele se rendeu às comemorações.
Mas quem sempre declarou amor ao clube teve na tarde deste domingo uma das melhores atuações com a camisa 1 do Criciúma. Bruno salvou o time duas vezes, em dois lances que poderiam ter sido o segundo gol da Chapecoense. Emocionado, ele chorava e sorria ao mesmo tempo.
– É o clube do meu coração. Estou aqui há oito anos e pude ajudar nessa conquista. Quero continuar e poder fazer mais por essa torcida – projetou enquanto ouvia ao fundo o seu nome ser gritado pelos torcedores.
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Nessa overdose de euforia, o treinador Vadão seguiu mais comedido, como se estivesse absorvendo aqueles instantes em sua mente. Fabinho chegou ao seu lado, o abraçou forte e agradeceu ao “professor” pela confiança.
No tablado, Fabinho era o mais eufórico. Quando o capitão Amaral recebeu a taça Carlos Renaux 100 anos, Fabinho queria que ele logo a erguesse, como se fosse a taça de campeão. Tanta ansiedade para gritar, que nem percebeu que esse não era o troféu do Estadual.
– É campeão. É campeão – gritavam todos atrás de Lins e Amaral que levaram a taça para torcida. Só Vadão que vinha sempre mais devagar, logo atrás.
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Os jogadores entregaram a taça para a torcida, que depois devolveu às mãos do capitão. Assim que chegou, Vadão foi jogado para o alto e sustentado pelos braços do grupo do Criciúma. A festa começava a terminar e o treinador se dirigiu ao vestiário. Ele desceu os degraus devagar, sorria, suava e o o semblante era leve.
– Não tenho nada para dizer para os jogadores. Eles sabem de tudo. Obrigado a todos nós.
Agora é viajar até a casa tricolor e ser recebido pela torcida que espera ansiosamente pela chegada do grupo neste manhã de campeão.