Os Estados Unidos alertaram nesta quinta-feira a seus cidadãos que não viagem ao Egito e pediram que os que se encontram nesse país o abandonem assim que possível.
Continua depois da publicidade
O departamento de Estado americano fez essa recomendação no dia seguinte à violenta repressão contra as manifestações no Cairo, onde mais de 500 pessoas foram mortas pelas forças de segurança.
>>> General Motors suspende atividades no Egito devido a conflitos
Continua depois da publicidade
A Embaixada do Brasil no Egito, por sua vez, recomendou aos 140 brasileiros que vivem no país e também aos turistas que estão de passagem para que evitem transitar em áreas nas quais há risco de ocorrerem protestos.
“Em razão do ambiente de instabilidade política que se vivencia no Egito, a Embaixada do Brasil recomenda à comunidade brasileira e aos turistas que visitam o país evitar transitar em áreas da capital e de outras cidades onde possam ocorrer manifestações públicas” diz o texto.
O Ministério das Relações Exteriores, Itamaraty, informou à Agência Brasil que não há brasileiros entre as vítimas nem registro de incidentes com nacionais do Brasil. Paralelamente, a embaixada mantém o alerta e o funcionamento, em regime de plantão, para o atendimento aos brasileiros. Porém, são estudadas medidas adicionais, em caso de agravamento da situação no Egito.
Potências mundiais condenam o banho de sangue no Egito
O presidente Barack Obama somou-se nesta quinta-feira à condenação mundial à repressão sangrenta realizada pelos governantes militares do Egito contra manifestantes da Irmandade Muçulmana, enquanto a França alertou para a ameaça de “guerra civil” e a chefe de direitos humanos da ONU pediu uma investigação.
Continua depois da publicidade
Mais de 500 pessoas foram mortas em ataques lançados na quarta-feira contra dois acampamentos de simpatizantes do presidente deposto Mohamed Mursi no Cairo, na pior onda de violência no país em décadas.
Paris, Londres, Berlim, Roma e Madri convocaram os embaixadores do Egito para expressar sua forte preocupação.
Obama afirmou que Washington condena veementemente a ação militar, alertando que o Egito entrou em um “caminho mais perigoso” e anunciando o cancelamento de exercícios militares entre os dois países.
Lamentou ainda a “violência que tem tirado a vida de centenas de pessoas e que deixa milhares de feridos”, mas não chegou a suspender a ajuda militar de 1,3 bilhão de dólares anual ao Egito, que tem sido há décadas um importante aliado regional dos Estados Unidos.
Continua depois da publicidade
Os Estados Unidos inicialmente não se opuseram à derrubada de Mursi – o primeiro presidente democraticamente eleito do Egito – e evitaram usar o termo “golpe”, o que exigiria o corte da ajuda ao país.
A chefe de direitos humanos da ONU, Navi Pillay, afirmou que o número de mortos demonstra “um excessivo, até mesmo extremo, uso da força contra os manifestantes”.
– Deve haver uma investigação independente, imparcial, eficaz e crível sobre a conduta das forças de segurança – disse.
-Qualquer pessoa considerada culpada de crime deve ser responsabilizada – acrescentou.
Pillay convocou ainda “todas as partes no Egito a recuar da beira do desastre”.
O primeiro-ministro da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, um simpatizante de Mursi, pediu uma reunião urgente do Conselho de Segurança da ONU para debater o “massacre” do Egito.
Continua depois da publicidade
A China, por sua vez, está caracteristicamente silenciosa, pedindo a “máxima moderação” de todas as partes, enquanto a Rússia, sua colega de assento permanente no Conselho de Segurança da ONU , solicitou apenas que turistas evitem viagens ao Egito.
Apenas dois Estados do Golfo, que reprimiram grupos islamitas dentro de suas próprias fronteiras, os Emirados Árabes Unidos e o Bahrein, expressaram seu apoio aos líderes militares do Cairo.
O presidente francês, François Hollande, disse que “tudo deve ser feito para evitar uma guerra civil” e convocou novas eleições, enquanto seu governo transmitiu a “grande preocupação da França pelos trágicos acontecimentos” ao enviado do Egito.
A Grã-Bretanha também condenou a violência e manifestou a sua “profunda preocupação” ao embaixador do Cairo.
Continua depois da publicidade
Na Alemanha, o ministro das Relações Exteriores, Guido Westerwelle, pediu o fim da violência e a retomada das negociações.
Já Erdogan criticou o “silêncio” da comunidade internacional diante do derramamento de sangue.
– Este é um massacre muito sério… contra o povo egípcio, que só estava protestando de forma pacífica – afirmou.
O papa Francisco disse estar rezando pelas vítimas da violência e apelou para a “paz, o diálogo e a reconciliação”.
Continua depois da publicidade
A Dinamarca, por sua vez, suspendeu sua ajuda no valor de 4 milhões de euros (5,3 milhões de dólares) para o Egito “em resposta aos acontecimentos sangrentos e à guinada muito lamentável do desenvolvimento da democracia”.
Apenas os Emirados Árabes Unidos e o Bahrein expressaram seu apoio aos líderes militares do Egito, afirmando ser dever do Estado restaurar a ordem.
O ministério das Relações Exteriores dos Emirados ressaltou a sua “compreensão pelas medidas soberanas tomadas pelo governo egípcio, depois de ter praticado a máxima autocontenção durante o período precedente”.
O Bahrein, que enfrenta uma revolta liderada pela maioria xiita contra o regime sunita, disse que as “medidas tomadas pelas autoridades egípcias para restaurar a paz e a estabilidade tinham por objetivo proteger os direitos do cidadão egípcio, o que o Estado é obrigado a fazer”.
Continua depois da publicidade
Galeria de fotos: o Egito um dia após o massacre