O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e o do México, Enrique Peña Nieto, reafirmaram nesta quarta-feira sua unidade de objetivos, diante da ameaça do virtual candidato republicano à Casa Branca, Donald Trump, de deixar o acordo de livre-comércio que os une ao Canadá.
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“Ouvimos muito com frequência propostas que ignoram a importante contribuição dos mexicano-americanos e a força das nossas relações com o México”, afirmou Obama, sem mencionar Trump.
Na abertura da cúpula dos “três amigos” organizada pelo primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, Peña Nieto advertiu: “o isolacionismo não é o caminho para o progresso”.
“Somos vizinhos, somos amigos, e essa amizade é baseada em uma forte cooperação e trabalho em equipe”, insistiu, anunciando que visitará a Casa Branca em breve.
Na terça-feira (28), Trudeau alertou contra a tentação da “saída” e do “protecionismo”, que afeta o crescimento econômico.
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Quase que simultaneamente, na Pensilvânia, Trump afirmava que pensa em renegociar o Acordo de Livre-Comércio da América do Norte (Nafta, na sigla em inglês), o qual vincula Estados Unidos, Canadá e México desde 1994.
Para Trump, que prometeu erguer um muro na fronteira com o México, esse tratado é a fonte de todos os males dos trabalhadores americanos.
“Se (Canadá e México) não quiserem renegociar (…), então manifestarei que os Estados Unidos têm a intenção de se retirar do acordo”, prometeu Trump.
Mudança climática
Os três países anunciaram, em Ottawa, o objetivo de redobrar seus esforços para enfrentar a mudança climática.
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“Os três amigos” dizem ter um objetivo comum para a América do Norte: até 2025, garantem, 50% da eletricidade gerada proverá de energias limpas. Em 2015, a parte de eletricidade proveniente dessas fontes foi de 37%.
“O acordo de Paris foi uma virada para nosso planeta”, disseram os líderes americanos em um comunicado conjunto.
A nota ressalta que a América do Norte tem “a capacidade e os recursos” para dar provas de sua liderança nesse tema.
Os três reafirmaram seu compromisso de ratificar ainda este ano os acordos alcançados em dezembro passado em Paris e pediram a todos os países que façam o mesmo.
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O México já aderiu ao compromisso assumido por Estados Unidos e Canadá de reduzir em dez anos entre 40% e 45% as emissões de metano, causadoras do efeito estufa que aquece o planeta.
A cúpula de Ottawa acontece seis dias depois do terremoto causado pela decisão do referendo britânico pela Brexit.
Depois do pronunciamento britânico, Obama tenta tranquilizar os americanos e os mercado sobre as consequências do Brexit, contra o qual lançou várias advertências durante sua passagem por Londres em abril.
Considerando que houve “um pouco de histeria” após o anúncio dos resultados, Obama reafirmou ontem (28) que não espera “mudanças catastróficas”.
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O presidente americano discursará ainda nesta quarta-feira no Parlamento canadense.
Em relação ao Nafta, a Casa Branca estima que a comparação com os sobressaltos com a construção europeia não é pertinente.
“Os países na América do Norte adotaram uma estratégia diferente que nos deu bons resultados”, afirmou o porta-voz de Obama, Josh Earnest.
“É uma estratégia que beneficiou a economia e a segurança nacional de todos nossos países”, defendeu.
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