A verdade é que, como todo bom gaúcho de Porto Alegre, eu sempre sonhei morar em Florianópolis. A Ilha da Magia, a terra onde o sol brilha, um pedacinho de terra perdido no mar. Muitos de nós, gaúchos, largaram o pampa ou a cidade pra realizar o sonho de morar na praia e escolheram a Capital catarinense como novo lar. A minha história em Floripa começa cedo, na adolescência agitada aos 17 anos. Primeiras férias com o dinheiro de um ano de trabalho, a namorada que tinha casa no Canto do Araçás e uma galera muito louca e livre que só queria surfar e viver uma vida cheia de aventura e prazer. Viajei com meu primo, o Beto Lua, já surfista veterano, que me falava das belezas da Ilha e das ondas. Aquelas mais de seis horas na BR-101 passaram voando, tamanha a ansiedade de chegar e conhecer tudo. Ficamos na Trindade, longe do mar, onde morava um amigo que tinha uma Toyota Bandeirante bem velha que nos levou pra todos os cantos. O carro sempre com muitas pranchas em cima e superlotado era como se fosse o nosso Magical Mistery Tour, a cada parada uma surpresa. Eram lugares, mares e pessoas nas areias escaldantes do verão de 1989. A vida acontecia de uma maneira nunca antes vista pra mim e, ao descer o Morro da Lagoa, me apaixonei. O coração bate sempre forte quando estou aí.

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Naquele tempo não podia imaginar que um dia trabalharia na Atlântida e passaria algumas semanas do ano em Floripa. Estamos chegando para mais uma temporada do Pretinho Básico, às vésperas do Planeta 2014. Somos um grupo grande, heterogêneo e heterossexual, até que provem o contrário. Sem juízo de valor ou opção sexual, apenas homens que se comportam como tal. Cada um com suas particularidades. O Mr. Pi passa boa parte do seu tempo fazendo compras, experimentando roupas no shopping e mandando mensagens no WhatsApp.

Maurício Amaral sai para os restaurantes para se deliciar com as ostras e outros frutos do mar que aprecia. O Fetter, como é chefe, está sempre envolvido com reuniões e testando as carangas dos nossos patrocinadores. Duda Garbi é geração saúde e só quer saber de corridinha na Beira-Mar Norte. O Arthur Gubert vai comprar vinil na loja do Gota no ARS. O Pedro Smaniotto é vida loca, chulipa e cigarro. O Piangers mente que vai ver a família pra ficar degustando cervejas artesanais e visitar os poucos amigos que tem, e o Potter é responsável pelos relacionamentos interpessoais, o nosso relações públicas. É tão eficiente que a audiência sempre sobe depois do seu árduo trabalho.

A minha busca está sempre em reencontrar aquele adolescente do verão de 1989. A pureza dos sonhos, o cheiro da juventude e da mata nativa. Ouvir o Dazaranha, passear na Rendeiras, ir pra Costa da Lagoa comer camarão, catar pitanga no Canto dos Araçás, surfar no Moçambique e até tomar um banho pelado na Galheta. Viver em contato com a beleza natural da Ilha é o que me interessa, porque como disse o Zininho no Rancho de Amor à Ilha: “Jamais a natureza reuniu tanta beleza, jamais algum poeta teve tanto pra cantar”.

Magical Mystery Tour que Porã falava…

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Foto: Beatles/Reprodução