Depois de quatro anos recolhido em uma penitenciária, onde cumpria pena por tráfico de drogas no regime fechado, um morador de cidade vizinha a Joinville comemorou em julho seu aniversário de 30 anos junto com a família. A condição para ele voltar ao lar, assim que recebeu a progressão de pena, foi colocar a tornozeleira eletrônica.

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– Só de poder voltar para o lado da minha família já tenho que agradecer – diz o usuário do aparelho.

Condenado a oito anos e dois meses de reclusão, o detento deve concluir o tempo que ainda deve à Justiça em prisão domiciliar harmonizada, porque não há alojamento específico para o semiaberto na comarca à qual pertence.

– Eu posso sair todas as manhãs, das 8h ao meio-dia, para procurar emprego na cidade. De tarde eu tenho que ficar em casa e posso ir num mercado, por exemplo. Só não posso ir em lugares onde vendem bebida alcoólica, tipo os bares – relata.

Essa é a rotina de monitorados por tornozeleira eletrônica. Como ele, muitas outras pessoas tem seus passos fiscalizados 24h por dia, por uma equipe especializada. Em Santa Catarina, na atualização de 25 de julho feita pelo Departamento de Administração Prisional (Deap), eram 884 aparelhos em uso, incluindo o usuário da tornozeleira ilustrada na foto, no início da matéria.

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Gerente de Monitoramento e Controle Penitenciário, Marcelo Ribas
Gerente de Monitoramento e Controle Penitenciário, Marcelo Ribas (Foto: Tiago Ghizoni/Diário Catarinense)

Para que a bateria dure 24 horas, o monitorado precisa carregar a tornozeleira por 3 horas ininterruptamente. Se estiver no final da bateria, em 25%, ele e quem estiver por perto são avisados com bipes, além da vibração do aparelho.

Há um mês e meio fazendo uso do benefício, relata que nunca arriscou deixar o aparelho próximo de ser desligar, para evitar o recebimento de uma falta ou a perda do benefício.

Segundo conta, antes de se envolver com a venda de entorpecentes, já trabalhou como operador de máquinas, mas não significa que vai escolher um trabalho que tenha prática, porque “qualquer emprego que aparecer” vai ser abraçada por ele.

– Eu refleti bastante nesse tempo que fiquei preso. Lá, a gente passa por alguns bocados. Isso não é para mim. Eu quero é ficar perto da minha família, mesmo que tenha que usar tornozeleira – completa.

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Confira quantos monitorados pelo sistema de tornozeleiras há em cada região de SC