Desde que a presidente Dilma recebeu a vaia de quase 70 mil pessoas na abertura da Copa das Confederações, a ministra Ideli Salvatti entrou em estado permanente de plantão em Brasília. Período de trabalho intenso e noites mal dormidas, com trocas de e-mails em plena madrugada. Por telefone, Ideli conversou com o DC. Confira os principais trechos.
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Diário Catarinense – Petistas deixaram a reunião da executiva nacional do partido, na quinta-feira, dizendo que a senhora chorou diante das cobranças. É verdade?
Ideli Salvatti – Eu não chorei. Eu fiz um discurso, coloquei o atual quadro do governo, falei da renovação que o partido passa. No encerramento do discurso, lembrei que o PT tem 33 anos de vida partidária, que já enfrentamos muitas coisas e vencemos, que não vai ser mais uma dificuldade que vai nos abalar. Fiquei emocionada, mas não chorei.
DC – A articulação política do governo tem recebido muitas críticas. Como a senhora recebe estas manifestações?
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Ideli – A articulação política é uma relação permanente, com altos e baixos, e que diferentemente do que algumas pessoas pensam, não é feita por uma pessoa. O governo se relaciona com o Congresso. E eu cuido do cotidiano.
DC – Muito se fala que o auxílio do ministro Aloizio Mercadante (Educação) esvaziou o trabalho da senhora e da ministra Gleisi Hoffmann (Casa Civil). A senhora concorda?
Ideli – Estamos em um momento no qual o governo como um todo está de mangas arregaçadas trabalhando. Trabalhamos de segunda a segunda para dar resposta aos pedidos das manifestações. O que a gente vem fazendo pelo país, inclusive, provoca novas demandas. Você dá luz para as pessoas e elas querem internet; você viabiliza a casa própria e as pessoas querem móveis. A presidente tem falado bem: não temos que nos assustar, pois as ruas trouxeram problemas reais e concretos, e nosso trabalho é resolvê-los.
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DC – É um exagero dizer que a senhora perdeu espaço na articulação do governo?
Ideli – Estamos participando das reuniões de articulação. Tem algum tipo de movimentação para criar problema onde não existe. O Mercadante está atuando nesta soma de esforços, o que para nós é muito bom neste momento em que precisamos dar respostas rápidas. Eu não me sinto diminuída, eu me sinto reforçada.
DC – O próprio PT tem criticado a articulação. A senhora se sente injustiçada?
Ideli – Faz quase um mês que estou em Brasília, sem voltar para Santa Catarina porque estamos de plantão a pedido da presidente. Podem falar, mas o importante é que as coisas evoluam, que a gente consiga dar um salto de qualidade no governo. Se eu fosse me incomodar com o que já falaram de mim, eu não estava onde estou.
DC – Como a senhora avalia a resposta do governo aos protestos?
Ideli – Houve uma resposta extremamente ágil do governo e do próprio Congresso. É importante que as respostas atendam as reivindicações, mas sem colocar em risco a estabilidade econômica, o equilíbrio fiscal. Na semana que vem vamos ter algumas ações da presidenta com ministros, partidos, lideranças de bancadas. A presidenta colocou o controle da inflação como questão pétrea.
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DC – Nesta agenda concorrida, a senhora conseguiu tratar de prioridades catarinenses?
Ideli – Ontem (quinta-feira), achei 15 minutos para receber o pessoal da concessionária da BR-101 (Autopista Litoral Sul), na tentativa de achar uma alternativa para diminuir o prazo da licença ambiental e começar a obra do contorno viário da Grande Florianópolis ainda esse ano. Nesta semana vamos conversar com o Ibama e tentar agilizar as coisas.