No dia seguinte à aprovação do texto-base da reforma previdenciária, o presidente Jair Bolsonaro lamentou nesta quarta-feira (2) a necessidade de fazer mudanças no atual regime de aposentadorias.

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Em conversa com um grupo de simpatizantes, na entrada do Palácio do Alvorada, ele disse não haver "plano B" para o déficit previdenciário e ressaltou que gostaria "de não ter de mexer em muita coisa".

O texto-base foi aprovado na noite de terça-feira (1), no Senado, por 56 votos a 19, dentro da expectativa do governo.

Na sequência, no entanto, na votação dos destaques, o presidente sofreu uma derrota.

O plenário derrubou o artigo que criava regras mais rígidas para recebimento do abono salarial, uma espécie de 14º salário pago a trabalhadores de baixa renda com carteira assinada.

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— Essa reforma é necessária. Se não fizer, quebra o Brasil em dois anos. Eu lamento, tem que aprovar, não tinha como. É uma maneira de darmos um sinal de que estamos fazendo o dever de casa. Não tem plano B nem para mim nem para ninguém que estivesse em meu lugar — disse.

Bolsonaro lembrou que governos anteriores tentaram aprovar uma reforma previdenciária, mas não conseguiram e comparou as mudanças no regime previdenciário à necessidade de, no ambiente doméstico, "dar uma dura no moleque em casa".

— É uma realidade, gostaria de não ter de mexer em muita coisa. Mas senão mexer, é igual de vez em quando ter de dar uma dura no moleque em casa. Mesmo dado dura, às vezes, sai coisa errada lá na frente — disse.

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O presidente não quis responder às perguntas do jornalistas e não foi questionado pelos simpatizantes sobre a derrota no artigo do abono salarial.

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Sem regras mais rígidas, a previsão de economia foi reduzida em R$ 76,4 bilhões em dez anos. O impacto fiscal total passou para R$ 800,3 bilhões em uma década.

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Na conversa com os simpatizantes, Bolsonaro voltou a criticar a ideologia de esquerda e disse que adeptos da linha de pensamento têm "a cabeça poluída em certos conceitos".

— Grande parte são pessoas que foram doutrinadas. Não é nem má-fé, foram doutrinadas. Acham que aquilo está certo. E está com a cabeça poluída em certos conceitos — disse.

A reforma previdenciária saiu da Câmara com uma projeção de corte de gastos de R$ 933 bilhões em uma década. A versão original, enviada pelo governo em fevereiro, previa uma redução de R$ 1,2 trilhão.

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Após a derrota do governo, a sessão do plenário do Senado foi encerrada. Interlocutores do presidente esperavam concluir esta etapa ainda na terça-feira (1º).

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