Estes nove artistas joinvilenses deixaram um rastro de saudades e inspiração. Para homenageá-los, o Anexo relembra os momentos marcantes de suas vidas e carreiras. Todos estão enterrados no Cemitério Municipal de Joinville.

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:: Confira a localização dos túmulos dos artistas no Cemitério Municipal ::

Hamilton Machado

* 23/3/1949 + 26/8/1992

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Tomando a figura humana como inspiração, o artista, considerado um exímio desenhista, fez sua primeira exposição individual aos 16 anos, quando saiu de casa para morar sozinho em Curitiba. De lá, partiu para o Rio de Janeiro, onde expôs em vernissages, coletivas e ilustrou o Jornal do Brasil e revistas cariocas de 1971 a 1976. Após dez anos da última mudança, voltou para Joinville e deu aulas de desenho e pintura na Escola de Artes Fritz Alt. Em 1979, casou-se com Christina da Silva, com quem teve a filha Joanna da Silva Machado. Uma das técnicas que mais explorou foi o bico de pena até que, precocemente, uma parada cardíaca levou com ele o seu talento.

Eugênio Colin

* 29/7/1916 + 18/6/2005

Filho de imigrantes alemães, o joinvilense era parente de primeiro grau de famosos nomes da política local: Max Colin e João Colin. Com apenas 14 anos, parte para São Paulo a fim de estudar no Liceu de Artes e Ofícios. Vive também no Rio de Janeiro e em Curitiba, até que retorna à cidade natal. O artista ficou regionalmente conhecido pelas pinturas da serra catarinense e da área rural de Joinville, especialmente por expor em locais até então inusitados, como praças, bibliotecas e livrarias. Na Sociedade Harmonia-Lyra, realiza, em 1945, sua primeira mostra de aquarelas e paisagens a óleo. Cinco anos depois, casa-se com Gertrudes Born, que viria a falecer 28 dias antes do amado. O casal teve três filhos. Vítima de insuficiência respiratória, muito debilitado após uma pneumonia, Eugênio deu o último suspiro aos 88 anos.

Miraci Dereti

* 23/7/1942 + 9/12/2006

Professor, ator, diretor, escritor e dramaturgo, ele era um artista de muitas faces. O jaraguaense construiu sua vida em Joinville, onde lecionou matemática a partir de 1964 no Colégio Bom Jesus, ocupou uma cadeira na Câmara de Vereadores em 1973 e foi eleito deputado estadual em 1975. É autor dos livros Atrás do Pé de Silva, Deus Não Tem Vice e Os Palhaços, organizado após sua morte por Cristóvão Petry. Esta última obra é a reprodução da peça teatral que Dereti escreveu e foi censurada durante o regime militar. Sempre envolvido com o cenário artístico da cidade, coordenou o Arquivo Histórico, foi presidente da Fundação Cultural e chegou a trabalhar no Ministério da Cultura. Dereti dá nome a um centro de educação infantil em Joinville.

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Luiz Henrique Schwanke

* 16/6/1951 + 27/5/1992

Um dos artistas plásticos mais aclamados das décadas de 1970 e 1980, Schwanke expôs parte das cerca de 5 mil obras que produziu em mais de 130 mostras. Seu primeiro reconhecimento ocorreu em 1962, quando um desenho seu participou do 11º Salão Nacional de Arte Infantil, promovido pela Folha de S. Paulo. Por esse trabalho, ele ganhou medalha de ouro em Santa Catarina e menção honrosa em São Paulo. Autor de desenhos, pinturas, instalações com luz, esculturas e telas a óleo, um dos marcos de sua carreira foi a participação na 21ª Bienal Internacional de São Paulo com a obra Cubo de Luz – Antinomia, sendo o único catarinense no evento. Há dez anos, um instituto que leva o seu nome trabalha com a proposta de criar o Museu de Arte Contemporânea Luiz Henrique Schwanke.

Fausto Rocha

* 19/5/1943 + 27/1/2001

Figura que dá nome à Casa da Cultura de Joinville, Fausto Rocha Júnior iniciou a carreira artística aos 12 anos como operador de estúdio na Rádio Difusora de Joinville. De 1960 a 1970, esteve à frente do programa de auditório Os Brotos Comandam, um sucesso entre os jovens joinvilenses. Lançou o conjunto Os Dinâmicos e, por causa deles, conheceu o cantor Agnaldo Rayol, que levou todo o grupo para São Paulo. Lá, foi convidado a integrar o elenco da novela A Gordinha, exibida na extinta TV Tupi. Em 1971, fez par romântico com Bete Mendes em Meu Pé de Laranja Lima. Atuou em 11 filmes e 17 novelas nas principais redes abertas do Brasil, como o SBT, a TV Globo e a Bandeirantes. Namorou as atrizes Kate Hansen, Liza Vieira, Betty Saddy, Angelina Muniz, Thaís de Andrade e a cantora Gretchen. Foi casado por cinco anos com Sheila, uma carioca que não era do meio artístico. A carreira terminou em 1984. Comandou a Secretaria de Turismo de Barra Velha, cidade onde nasceu. Lá, conheceu Dircéia Cordeiro, com quem se casou em 1997. No mesmo ano, descobriu ser portador de esclerose lateral amiotrófica, uma rara doença degenerativa que o levou em 2001.

Mário Avancini

* 3/6/1926 + 17/11/1992

Quinto de oito filhos de Giovanni e Carlota Avancini, Mário nasceu em Rodeio, onde viveu até 1938, quando a família se mudou para Camboriú. Lá, trabalhou com o pai em uma pedreira e conheceu a futura esposa, Maria Silva, a Vidinha. Em 1944, passaram a viver e trabalhar em São Francisco do Sul, local onde o artista esculpiu O Pescador – obra de oito metros que caiu no mar e quebrou ao meio. Aprendiz de Fritz Alt, o jovem fixou-se em Joinville em 1956, atuou como calceteiro e, nas horas vagas, dedicava-se aos trabalhos artísticos em pedras. Desses momentos de folga surgiu Cabeça de Índio, trabalho localizado na rua Lages. Mais tarde, Mário construiu a famosa obra O Calceteiro, na praça da ponte do Trabalhador. Ele deu aulas para o curso de cerâmica na Casa da Cultura até 1991 e produziu mais de duas mil esculturas ao longo da vida. O Poeta da Pedra, como ficou conhecido, deu adeus ao mundo após uma infecção causada por septicemia. Dos seis filhos que gerou, Marcos e Marli seguem os passos do pai.

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Liselott Trinks

* 21/3/1914 + 9/5/1987

Pioneira do balé em Joinville, foi também figurinista, cenógrafa e pianista. Dançarina de balé clássico de repertório, danças populares e ginástica rítmica, levou seus movimentos para a Alemanha em 1929, quando decidiu estudar dança e se profissionalizar. Sete anos depois, encenou a ópera Yara, de Pepi Prantl – pianista, maestro e compositor austríaco que vivia em Joinville -, baseada no libreto de Otto Nohel, também morador da cidade catarinense. Em 1949, elaborou coreografia, cenários e figurinos do bailado O Ciclo da Vida, inspirado em Eclesiastes 3.1-8. Nos anos que se seguem, passa a dirigir importantes espetáculos, como o que celebrou o centenário do município, em 1951; o centenário do Clube União Palmeiras, em 1955; e o sesquicentenário da imigração alemã no Brasil, em 1974.

Fritz Alt

* 17/9/1902 + 15/3/1968

Natural de Lich, na Alemanha, chegou ao Brasil em 1921 – certamente sem saber que, 30 anos mais tarde, esculpiria o Monumento aos Imigrantes na praça da Bandeira, em comemoração ao centenário de Joinville. Morou por um ano no Rio de Janeiro e em seguida veio para a cidade catarinense. A residência onde viveu, construída na década de 1940, é hoje patrimônio histórico e cultural e abriga o Museu Casa Fritz Alt. Antes de sair do país onde nasceu, estudou por um ano no Instituto Estadual de Arte em Frankfurt. Além das esculturas em mármore e bronze, fazia pinturas e painéis em mosaico. Na Cidade das Bicicletas, faleceu utilizando o meio de transporte que deu fama à cidade que o acolheu.

Victor Kursancew

* 3/9/1919 + 28/2/1980

Ele já tinha 30 anos quando veio de Bendzin, na União Soviética (atual Rússia), para o Brasil com a esposa Marianne. Primeiro para o Rio de Janeiro, passando por Rio Negrinho (SC), até que fixou residência em Joinville em 1952. Pintor, desenhista e aquarelista, destacou-se ao retratar personalidades e ambientes da região usando diferentes técnicas, do carvão à tinta a óleo. Passou a lecionar na Escola de Artes Fritz Alt, na Casa da Cultura. Anexa ao ambiente, foi inaugurada após sua morte a Galeria Municipal de Arte Victor Kursancew.

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