*Sabrina Quariniri, especial
O estudo de Mapeamento Geológico e Hidrogeológico de Joinville, que teve início no mês de agosto, vai apurar informações do meio físico que podem ajudar o município no planejamento urbano e gerenciamento dos seus recursos naturais. De acordo com Felipe Hardt, diretor executivo da Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente (Sama), o intuito do projeto é obter detalhes sobre rochas, recursos minerais e águas subterrâneas.
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— Será analisado onde as águas podem aflorar e qual a qualidade dessas águas, além de analisar a consistência do solo — afirma.
As equipes, formadas por geólogos, hidrogeólogos, geógrafos, agrônomos e engenheiros hidrólogos vão percorrer as áreas urbanas e rurais do município para executar cadastramento dos tipos de rochas e suas características, além dos pontos d'água, como poços tubulares, poços escavados e captações em rios. As informações obtidas irão fomentar questões sobre o potencial do município.
— Este estudo também serve para liberação de construções, por exemplo. É uma base para decisões de planejamento de ocupação territorial — explica Guilherme Casarotto Troian, engenheiro que participa dos estudos.
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Maior nível de detalhamento de informações
No perímetro urbano e nas partes da zona rural, onde há maior densidade de ocupação, de acordo com Emilia Nicolodi, geógrafa da Unidade de Desenvolvimento de Gestão Ambiental da Sama, o mapeamento estrutural e de recursos naturais será produzido na escala 1:10.000, que apresenta um maior nível de detalhamento das informações. No restante do território joinvilense, o mapeamento será realizado na escala 1:25.000.
— Até o momento, não há na nossa região um mapa geológico com escala nesse nível de detalhamento — afirma.
Outros dados como favorabilidade hídrica subterrânea, inventário e cadastramento de poços, mapa hidrogeoquímico e mapa de vulnerabilidade natural dos aquíferos serão analisados, em escala 1:50.000.
A geógrafa explica que, como os mapas são reproduções reduzidas de uma determinada área, a escala é um importante elemento presente nesses materiais, pois ela é utilizada para indicar o quanto um determinado espaço geográfico foi reduzido para “caber" dentro do material gráfico.
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— Quanto menor o número apresentado na escala, maior será o nível de detalhes representados no mapa — diz.
O geólogo Marcos Alexandre de Freitas, responsável pelo projeto, explica que é provável que em algumas áreas sejam realizados furos de sondagem para conhecimento do subsolo e para realização de ensaios de permeabilidade de solos.
Como funciona
O mapeamento começou com uma consulta a dados de trabalhos realizados anteriormente. Depois que foram colhidas essas informações, segundo Marcos Alexandre de Freitas, iniciaram-se os trabalhos de interpretação de imagens de satélite e fotografias aéreas. Após a interpretação preliminar, os trabalhos de campo de mapeamento tiveram início. No campo, estão sendo feitos perfis e coleta de amostras de rocha e água subterrânea. Posteriormente, os dados serão estudados e resultarão nos mapas geológicos e hidrogeológicos.
— Esses mapas nada mais são do que a representação em planta e de sistema de informações geográficas do resultado dos estudos realizados — esclarece.
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Para que vai servir este projeto
O mapeamento geológico serve como elemento básico e fundamental para conhecer o arcabouço geológico de uma área ou região, assim como suas fragilidades e potencialidades, explica Emilia Nicolodi. Desta forma, segundo ela, esta é uma importante ferramenta para o planejamento territorial, gerenciamento de riscos geológicos e para planos e políticas na área de mineração e meio ambiente.
Já com o mapeamento hidrogeológico, Nicolodi afirma que é possível, por meio da cartografia dos recursos hídricos subterrâneos e cadastramento de poços, obter estimativas dos volumes de oferta de água subterrânea existente; indicação das áreas mais favoráveis e mais restritivas à captação de águas subterrâneas, além das principais restrições ao seu aproveitamento; indicação das áreas de alta, média e baixa vulnerabilidade natural à contaminação.
— Estes estudos permitirão ao poder público municipal traçar programas de uso e proteção dos aquíferos e das águas subterrâneas — conta.
O desenvolvimento do projeto depende do apoio da população e das instituições em geral, no sentido de disponibilizar os dados que se relacionam com o projeto e para ceder permissão de acesso aos pesquisadores em suas casas ou empresas.
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Vale destacar que o projeto, contratado por meio de licitação pela prefeitura de Joinville, está sendo executado pelo Serviço Geológico do Brasil (CPRM) – uma empresa pública federal vinculada ao Ministério de Minas e Energia. Os trabalhos estão sendo acompanhados pela Comissão de Acompanhamento e Fiscalização dos trabalhos (Caf), que é formada por profissionais indicados pela Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente (Sama). O mapeamento vai custar R$ 2,2 milhões e a conclusão das atividades está prevista para 2021.