Um levantamento feito pela empresa Surbana Jurong Consultants, de Cingapura, aponta 13 vocações econômicas a serem exploradas nos próximos 20 anos pela região da Amfri, que reúne as cidades na foz do Itajaí-Açu. O estudo faz parte do projeto InovAmfri, que prevê o desenvolvimento estratégico regionalizado, com foco na inovação – um modelo inédito no Estado, com previsão de gerar mais de 70 mil empregos em duas décadas.
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Para definir as tendências de cada cidade, a empresa, que é especializada no desenvolvimento de parques tecnológicos em todo o mundo, cruzou dados das características dos municípios (incluindo geografia e modelo de mão de obra) com as demandas de mercado nacional e internacional. Os resultados apontaram facilidades para absorver empresas de 13 setores da indústria, entre eles alimentícia, farmacêutica e de eletrônicos.
No decorrer do projeto, cada cidade receberá uma lista de negócios em que vale a pena apostar. Elas terão escritórios dentro do Distrito de Inovação de Itajaí, que integra o projeto InovAmfri, e servirão de modelo para as demais. Ali as empresas que se instalarem na região conhecerão cada município, e o que cada um oferece.
A proposta do Distrito de Inovação aproveita a implantação do Centro de Inovação – estrutura construída pelo Estado em cidades-polo – e incentiva a ocupação das áreas ao redor por empresas que tenham a tecnologia em seu DNA. A ideia é ter uma minicidade planejada e sustentável, que poderá ter administração pública ou através de parceria público-privada.
– Hoje temos uma indústria com pouco valor agregado, que paga salários menos qualificados. O objetivo é atrair empresas que invistam na produção tecnológica, que têm uma característica diferente – diz João Luiz Demantova, gerente do projeto InovAmfri.
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O modelo se baseia no fato de que as isenções fiscais oferecidas pelos municípios não são suficientes para gerar empregos com qualidade. Em muitos casos, a opção das indústrias pelas condições facilitadas nas cidades se mostrou desvantajosa, com pouca oferta de mão de obra especializada, por exemplo.
Os distritos de inovação propõem atrair indústrias garantindo fornecimento de energia, abastecimento, comprometimento com o meio ambiente e transporte público de qualidade. A estimativa é que a indústria de inovação gere o dobro de empregos que a convencional, em um espaço físico até sete vezes menor.
Preservação ambiental com inovação
O masterplan do Distrito de Inovação de Itajaí, também desenvolvido pela Surbana Jurong, prevê que 157 dos 221 hectares do terreno, no bairro Itaipava, sejam preservados. Na área mais próxima ao Centro de Inovação (local para desenvolvimento de startups) ficarão 11 edifícios para empresas de tecnologia, inovação e pesquisa.
Na área reservada ao processamento estarão as fábricas. E haverá ainda espaço para comércio, lazer e moradias. O conceito do Distrito de Inovação já foi aplicado pela Surbana Jurong em cidades de Singapura, Rússia, Índia e África do Sul. No Brasil há modelos semelhantes – inclusive em Santa Catarina. O diferencial será o caráter público e regionalizado do distrito em Itajaí.
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Recentemente foi aprovada na Câmara de Vereadores de Itajaí um projeto de lei que transfere o terreno reservado ao Distrito de Inovação da prefeitura para a Itajaí Participações – o primeiro passo para viabilizar o investimento, de valor ainda não divulgado.
Os estudos do projeto InovAmfri têm R$ 8 milhões de investimento do governo do Estado, mais R$ 800 mil de contrapartida de cada um dos municípios participantes. No dia 5 de dezembro, Paulo Bornhausen, que preside o Conselho Consultivo do projeto, apresentará os primeiros dados ao governador Raimundo Colombo.