Expansão urbana e agronegócio ameaçam a Mata Atlântica no país, mas em Santa Catarina é a atividade ilegal madeireira a que mais prejudica o bioma. É o que revela o Atlas dos Municípios da Mata Atlântica, iniciativa da Fundação SOS Mata Atlântica em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), relativo aos anos 2018 e 2019.
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Em pelo menos dez municípios catarinenses ocorreu desflorestamento. Isso equivale a 710 hectares. Isoladamente, a área pode não ser tão expressiva, mas somada, e considerado o impacto, como em estiagens, é preocupante. Chama a atenção o fato de essa prática ser uma espécie de ‘formiguinha’, a qual nem sempre é percebida de baixo. Por isso, a importância do uso de satélites.
— A lei da Mata Atlântica não existe para impedir o desenvolvimento, pois muito dela se aplica em regiões montanhosas onde a agricultura não ocorreu por conta do Código Florestal. Mas o que não pode é praticar o desmatamento em áreas proibidas, como nas Áreas de Preservação Permanente (AAPs), e de Reserva Legal. É preciso considerar que a floresta interfere no clima e com consequências para todos, inclusive das cidades — observa Mario Montovani, diretor de Políticas Públicas da Fundação SOS Mata Atlântica.
Montovani alerta que a Mata Atlântica que ainda resta em pé é um ativo econômico importante para estados e municípios. Cita a prestação de serviços que vão da polinização à conservação da água e a estabilidade dos solos, o que faz da floresta importante aliada da agropecuária. Bioma mais próximo dos centros urbanos, carrega ainda uma série de oportunidades para o ecoturismo, um dos atrativos de Santa Catarina.
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Satélite não localiza pequenos desmatamentos
O Atlas mede áreas de desflorestamento maiores que três hectares. Como o satélite não enxerga pequenos desmatamentos, há o risco de a floresta nativa ser derrubada aos poucos. O ranking informa sobre 100 municípios em 17 estados onde o bioma está presente. Apesar de a Mata Atlântica abranger cerca de 15% do território nacional, hoje restam apenas 12,4% da floresta que existia originalmente. O levantamento mostra que a destruição se acentuou nos últimos anos. Desta vez, equivale a 14.502 hectares, crescimento de 27,2% se comparado com os anos de 2017 e 2018.
A Mata Atlântica é um dos biomas mais ameaçados do mundo. A expansão das áreas para plantio e criação de gado com a abertura de loteamentos para a população urbana fazem parte dos múltiplos fatores de destruição. O estudo mostra que nas cidades, como nos 10 municípios catarinenses, são desmatamentos pequenos.
O problema está na soma e no fato de que na natureza tudo está interligado. Um dos serviços que a floresta presta é a conservação dos recursos hídricos. A escassez da água para agricultura e o abastecimento das cidades estão relacionados. A Mata Atlântica é o único bioma no país protegido por uma lei específica, a qual tem instrumentos como os Planos Municipais de Mata Atlântica, como se fosse o Plano Diretor, mais direcionado à área urbana.
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Municípios com maior desmatamento em Santa Catarina:
– Ponte Serrada
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– Santa Terezinha
– Araquari
– São Francisco
– São Domingos
– Barra Velha
– Monte Castelo
– São José do Cerrito
– Rio dos Cedros
– Timbó Grande
Fonte: Fundação SOS Mata Atlântica
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