Pode demorar até dez anos, mas o Estado deve voltar a ter uma ferrovia que corte seu território. O ministro dos Transportes, Antônio Carlos Rodrigues (PR), participou de audiência pública, nesta sexta-feira, em Florianópolis, para falar do estudo de viabilidade da ferrovia Norte-Sul, chamada de Ferrovia do Milho. O resultado foi que é viável construir uma estrada de ferro que ligue a região Centro-Oeste do país, maior produtor de milho e soja, ao Oeste catarinense, consumidor de 3,3 milhões de toneladas anuais de milho e soja para alimentar as criações de aves e suínos.
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Conduzido pela estatal Valec (Engenharia, Construções e Ferrovias S.A.), o estudo mostrou que deve existir uma demanda de 16,5 milhões de toneladas de grãos para as agroindústrias de Chapecó e região. É o com maior demanda entre os dois trechos analisados: Panorama (SP) a Chapecó e, depois, Chapecó a Rio Grande (RS).
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– Esse é um primeiro passo já muito importante. Segundo passo é buscar interessados que formem uma parceria com o governo federal ou que assumam uma concessão. Construção vai depender muito de uma modelagem e de uma parceria com a iniciativa privada – disse o presidente da Valec, Mário Rodrigues Júnior, sobre a viabilidade da obra que custaria R$ 12,3 bilhões apenas nesse trecho até Chapecó.
Agora o processo entra na etapa de modelar um projeto básico e obter os estudos ambientais para ter todos os dados necessários, de acordo com a Valec, para construir a proposta que será aberta a manifestações por parte de empresas ou consórcios que tenham interesse em explorar a ferrovia. Essa etapa deve levar dos anos e meio. E a construção levaria no mínimo mais seis anos.
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– Enquanto não tiver uma demanda adequada não podemos dar continuidade a uma concessão – disse o ministro dos Transportes, acrescentando – Todos projetos do Ministério dos Transportes foram passados para os chineses, para os alemães nessa última visita e para um grupo russo especializado em ferrovias.
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A ferrovia é um modal de transporte que funciona bem para distâncias mais longas, entre 400 quilômetros e 1500 quilômetros. Entre Jataí, em Goiás, cidade que é a maior produtora de milho no país, e Chapecó são exatos 1.406 quilômetros, em 18 horas de viagem por 23 rodovias federais e estaduais. A saca do milho que sai da cidade custa o dobro aqui do que o paga lá por outras agroindústrias que já migraram para a região, em especial produtores de frangos.
– É imprescindível que esse projeto avance para garantir a competitividade da criação de suínos e aves em Santa Catarina – disse o presidente da Federação das Associações Empresariais de Santa Catarina, Ernesto Reck.
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