Saiu nesta quinta-feira um relatório da Organização Meteorológica Mundial (OMM) sobre, adivinhe, aquecimento global. Mal chega a ser surpresa o fato de, segundo o estudo, 2012 figurar entre os 10 anos mais quentes de todos os tempos, recheado de catástrofes como secas e inundações extremas.
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A novidade, porém, parece ser o fato de ainda haver grande indiferença para um “preocupante sinal da mudança climática”, conforme o secretário-geral da OMM, Michel Jarraud. É como se o clima maluco fosse comum.
– A mudança climática determina cada vez mais as características físicas dos acontecimentos meteorológicos e climáticos extremos – comentou, ao anunciar o relatório.
O tal sinal apontado por Jarraud nada mais é do que um reflexo das condutas adotadas no cotidiano por empresas, governos e cidadãos. E isso que, afirma o diretor de Relacionamento com o Mercado da Fazenda Quinta da Estância, Rafael Goelzer, houve uma melhora na conscientização da sociedade nos últimos três anos. Sediada em Viamão, a Quinta é referência em práticas de sustentabilidade.
Goelzer fala da preocupação com aspectos básicos como gestão de lixo, reaproveitamento de materiais e a economia de energia e de água. Fala com propriedade: no dia 10, participará de um encontro brasileiro do Pacto Global da Organização das Nações Unidas (ONU), iniciativa voltada à conscientização em temas como direitos humanos, ambiente e relações de trabalho.
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Goelzer cita um exemplo prosaico, o da vantagem do preço da gasolina, um combustível fóssil, sobre o álcool, originado da cana de açúcar. O motorista economiza em um primeiro momento, mas paga mais tarde com as consequências econômicas de um clima descontrolado, fruto da emissão desordenada de poluentes.
Nas contas da OMM, só o Furacão Sandy, que assolou a costa leste dos Estados Unidos, ano passado, causou prejuízos de US$ 70 bilhões. É de se perguntar se, agora, as seguradoras americanas pensam duas vezes antes de deixar a torneira aberta ou a luz do escritório acesa.
– Nunca vai valer mais a pena colocar gasolina. Pensamos muito com imediatismo – conclui Goelzer, para quem a divulgação de documentos como o estudo da OMM deveria ajudar em uma mudança de atitude em relação aos recursos do planeta.
Menos mal que, segundo Goelzer, o mercado já pressiona as empresas a adotarem sistemas de gestão de recursos naturais, com uma produção mais eficiente. Isso porque, ao menos a curto prazo, a tendência é de uma variação para cima das temperaturas globais. De acordo com o pesquisador Jurandir Zullo Jr., do Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura (Cepagri), de Campinas (SP), os modelos de mudanças climáticas indicam também um aumento de eventos extremos.
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O ano seguinte talvez não seja o mais quente, mas o conjunto da obra sempre será. Zullo dá um exemplo:
– Os dias com chuva diminuem, mas aumenta a intensidade.
Baseado no que apontam pesquisas como a da OMM, ele conclui:
– Há mais motivos de preocupação do que tranquilidade.