Das escadarias da Catedral Metropolitana de Florianópolis, o professor Rodrigo Rainha, coordenador das licenciaturas da Universidade Estácio, no Rio de Janeiro, falava dos primórdios da Ilha de Santa Catarina, da relação dos índios que aqui habitavam com os portugueses e sobre as curiosidades de alguns dos prédios mais antigos e tradicionais do Centro da cidade.

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Começava assim, no mesmo cenário de alguns dos momentos mais marcantes da cidade, a primeira edição do Rolé Brasil em Florianópolis. O projeto, da Estácio e do estúdio M’Baraka, atraiu dezenas de alunos da Estácio e curiosos que percorreram alguns dos principais prédios da cidade, como a Praça XV de Novembro, o Palácio Cruz e Souza e o Mercado Público para participarem de uma aula de história e arquitetura a céu aberto no sábado ensolarado da Capital.

Um dos mais empolgados com a proposta da aula era o professor Rodrigo, que junto com outros professores da Estácio se dividiam nas explicações em cima de bancos de concreto ou qualquer objeto que os deixasse um pouquinho acima da multidão. Rodrigo chamava a atenção até de transeuntes, que paravam de caminhar para ouvir trechos da aula sobre a cidade.

— A gente tem dois discursos, o da visão de fora, no meu caso, e o olhar local, dos professores daqui, que participam do projeto. A essência do projeto é tentar incentivar o entendimento de história, a maneira de lidar com a história, de lidar com a cidade, transformando a rua na nossa grande sala de aula —destacou o professor Rodrigo.

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Quem também saiu do ambiente fechado das salas de aula para a rua e aprovou o rolé, foram as estudantes de arquitetura Hianca Neis, 20 anos, e Amanda Kretzer, 19. As colegas prestavam atenção aos detalhes de prédios como o do Mercado Público, revitalizado por completo há pouco mais de um ano.

— É bem legal porque a gente sai da sala de aula, e vê na prática coisas aprendidas em sala. Vê também que a nossa cidade tem muita arquitetura que a gente passa e nem se dá conta de que aquilo está ali—afirmou Amanda.

Relevância histórica e social da cidade

Este foi o quinto encontro do Rolé Brasil em 2016. Antes, o projeto passou por Belo Horizonte, Salvador, São Paulo e Fortaleza. Em Florianópolis, o professor William Martins destaca a relevância histórica e social da cidade, que inicialmente foi comandada a partir de suas fortalezas espalhadas ao longo da Ilha, depois por povoados pouco centralizados, que eram, contudo, vinculados pelo Centro, um espaço de mercado e troca.

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—De fato o Centro Histórico de Florianópolis é um ícone do século XX. Após as disputas da Revolta Armada, passara por uma série de mudanças para marcar a estrutura de uma nova cidade. O ícone desta transformação é sem dúvida a construção da Ponte Hercílio Luz —afirma William.

Já o professor Rodrigo Rainha chama a atenção para o nome da cidade. Desterro, como era chamada, foi escolhida pelo presidente da República Floriano Peixoto para ser a capital do país, mudando para sempre a história da pacata Ilha de 675,410 km quadrados.

—Com o fim da Revolução Federalista, em 1894, em homenagem ao então presidente, a cidade muda o nome para Florianópolis. Entretanto, Floriano Peixoto não era uma autoridade com popularidade na cidade e enfrentou grande resistência em seu governo— conta Rodrigo.

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A professora Gabriela Bastos, de arquitetura, revela que a aula tem como foco resgatar a memória do Centro e fazer com que as pessoas voltem a “se apropriar dos espaços públicos do Centro de Florianópolis”.