Sábado (21) é o Dia Mundial de Limpezas de Praias e Rios, considerado o maior evento internacional em prol da limpeza dos oceanos. Em São Francisco do Sul uma ação unindo o Projeto Toninhas, da Universidade da Região de Joinville, a Univille, e a prefeitura local se engaja num movimento que atinge 150 países.
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O esforço mundial de limpeza de praias é uma prática que incide diretamente em uma atividade importante para comunidades como São Xico, a pesca artesanal. Além de ajudar a preservar o meio ambiente para espécies que vivam nas águas da Baía da Babitonga, como a toninha, um tipo de golfinho considerado tímido.
Cerca de 700 estudantes da Escola de Educação Básica Nicola Bapista participam das atividades que se iniciam a partir das 8h e devem encerrar por volta das 13h. As atividades começaram durante a semana. No dia 17, uma turma de estudantes pintou as bocas-de-lobo no entorno do colégio com a temática do ODS 14 “Vida embaixo d’água”.
Serão quatro ações de limpeza, além de uma eco gincana com os estudantes e um evento com exposições e apresentações culturais. Mas o ponto alto será sábado. As ações de limpeza envolvem três praias: Enseada, Grande e Prainha. Todo o material recolhido será pesado e revertido em pontos para as turmas da gincana.
Além da coleta e destinação correta do lixo, a ideia é mobilizar voluntários e disseminar informações sobre os cuidados com o meio ambiente
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Em São Francisco do Sul participam do evento o Projeto Toninhas/Univille, Projeto de Monitoramento de Praias (PMP/Univille), o CNA, o Meros do Brasil e a Ameca, e a prefeitura, por meio da Secretaria de Meio Ambiente, dirigida por Gabriel Conorath. Para Vanessa Fonseca, representante da secretaria municipal do Meio Ambiente, que é signatária da campanha Mares Limpos, da ONU, a atividade tem um caráter educativo importante.
De acordo com a ONU, estima-se que mais de 8 milhões de toneladas de plástico vão parar nos oceanos todos os anos, causando danos à vida marinha e a atividades econômicas como a pesca e o turismo. Pelo fato de os oceanos serem de fontes oxigênio e de alimentos, a poluição no mar também prejudica a saúde humana. Latas, copos, garrafas e outros materiais de plástico, chinelos, bitucas de cigarro, restos de petrechos de pesca e até agulhas são alguns dos materiais que descartados no lugar errado vão parar no fundo do mar.

A organização espera coletar 12 toneladas de resíduos em 140 quilômetros de praias do Pará ao Rio Grande do Sul. Além da coleta e destinação correta do lixo, a ideia é mobilizar voluntários e disseminar informações sobre os cuidados com o meio ambiente. A expectativa é coletar mais de 12 toneladas de resíduos em 140 km de praias de norte a sul do país.
O Projeto Toninhas/Univille atua há mais de 15 anos na conservação da toninha e dos ecossistemas costeiros, em ação conjunta com a prefeitura do mais antigo município catarinense e o terceiro no Brasil. As toninhas são animais costeiros. Podem ser encontradas em regiões com até 50 m de profundidade, mas a maioria permanece em áreas com até 30 m.
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Vivem apenas na costa leste da América do Sul, entre o Espírito Santo, no Brasil, e o Golfo San Matias, na Argentina. Não é comum a ocorrência de toninhas em baías, estuários ou ambientes mais protegidos, com exceção da Baía da Babitonga.
Pelo menos 50 foram visualizadas, sendo 30 devidamente identificadas por marcas no corpo. Diferente de outras espécies de golfinhos, a toninha não tem por hábito se aproximar muito das pessoas. É considerada tímida e só salta da água para respirar.

Pequeno golfinho ameaçado de extinção
A toninha é o golfinho mais ameaçado de todo Atlântico Sul Ocidental e atualmente é a única espécie de pequeno cetáceo ameaçada de extinção no Brasil, segundo a Lista Oficial das Espécies da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção. A principal ameaça à conservação da toninha, em águas brasileiras, é a captura acidental em redes de pesca (emalhe).
Milhares delas morrem, todos os anos, no Brasil, Uruguai e Argentina vítimas dessa interação. As toninhas capturadas nas redes de pesca morrem por afogamento e são descartadas no mar. Sua inclusão no cardápio humano é proibida.
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De acordo com os pesquisadores, as mortes ocorrem porque, sendo mamíferos que respiram pelos pulmões, os animais se afogam quando ficam presos às redes de emalhe, que servem para a captura de peixes.
As fêmeas podem chegar a 1,6 m de comprimento e são um pouco maiores que os machos, que chegam a 1,4 m. O peso varia de 33 kg para fêmeas e 27 kg para machos. A idade máxima conhecida é de 21 anos.
Atualmente, o Projeto Toninhas é referência no Brasil e no mundo quando o assunto é pesquisa e conservação de pequenos cetáceos, especialmente a toninha, destacando-se também nas ações de sensibilização ambiental de crianças e jovens. Mais informações no site do projeto Toninhas.

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