O protesto desta quinta-feira contra o preço das passagens de ônibus – e as diversas pautas que se agregaram às manifestações – deverá ser diferente dos últimos ocorridos em Porto Alegre. Pelo menos para estudantes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e outros grupos envolvidos no Bloco de Luta pelo Transporte Público – coletivo de vanguarda do movimento.

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Os rumos do protesto foram debatidos na manhã desta quinta-feira em assembleia em frente à Faculdade de Educação da UFRGS, no centro da Capital. De acordo com a coordenadora do Diretório Central de Estudantes (DCE), Nathália Bittencurt, que é estudante de Jornalismo, os manifestantes pretendem ocupar a Praça da Matriz, em frente ao Palácio Piratini, a partir das 18h, e não realizar marcha pelas ruas da cidade. Um dos objetivos é mostrar ao governador Tarso Genro a contrariedade dos manifestantes com a ação da Brigada Militar (BM) durante os protestos, considerada truculenta.

– Uma das pautas que devem ganhar mais força é a desmilitarização da polícia. Também apoiamos o passe livre (para estudantes e desempregados), investimento de 10% do PIB na educação e repúdio ao presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, Marco Feliciano – disse Nathália.

Estudantes de escolas da Capital e sindicalistas também participaram da assembleia. A coordenadora-geral da Associação dos Servidores da UFRGS (Assufrgs), Bernadete Menezes, se pronunciou agradecendo aos estudantes por trazerem os sindicatos para dentro das manifestações.

– O Fora Collor foi um protesto de estudantes secundaristas. Este, agora, é da juventude universitária, que tem muita capacidade e está pensando um novo Brasil – afirmou.

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Para as 17h está marcada a concentração do movimento na Esquina Democrática, no Centro.

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A VISÃO DO COMANDO DA BRIGADA MILITAR*

Os preparativos – Durante esta quarta-feira, o comando da Brigada Militar realizou várias reuniões para discutir a estratégia de ação e a distribuição dos seus efetivos. Como nas ocasiões anteriores, haverá PMs em pontos considerados mais visados. Detalhes sobre aoperação são mantidos em sigilo.

Concentração na Praça da Matriz – O comando da Brigada Militar não dá como certo que o início do protesto ocorrerá diante do Palácio Piratini, mas estará presente para proteger o local.

Número de participantes – A Brigada Militar trabalha com uma estimativa de 15 mil manifestantes. Até a tarde desta quarta-feira, 6 mil pessoas tinham confirmado presença nas páginas do Facebook.

Vandalismo e saques – O comando diz sempre esperar que não ocorram depredações e que seu objetivo é garantir o direito de quem deseja participar. Mas atuará para evitar ações de vandalismo. Quem infringir a lei será detido.

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Trajeto da marcha – A BM trabalha com todas as possibilidades e acredita que, na segunda-feira, o trajeto sofreu uma mudança no meio do caminho.

Recomendação paraos manifestantes – O comando pede que o movimento organizado identifique pessoas que criem tumulto e comuniquem à polícia. Não aconselha que impeçam a ação de arruaceiros, para evitar agressões.

Confronto – Segundo o comando, a BM não deseja confronto e tem trabalhado ao máximo para evitá-lo, mas terá de agir se houver riscos à segurança, como em caso de agressões ou saques. A corporação está atenta ao crescimento de criminosos entre os manifestantes e vai incrementaro policiamento.

* Fonte: tenente-coronel Eviltom Pereira Diaz, chefe da comunicação social da Brigada Militar

A VISÃO DO BLOCO DE LUTA PELO TRANSPORTE PÚBLICO*

Os preparativos – Além da convocação pelo Facebook, o bloco está distribuindo panfletos em pontos de ônibus e universidades. Uma assembleia do DCE da UFRGS foi marcada para esta quinta-feira, e a ideia é que os estudantes já fiquem concentrados para o protesto. Os organizadores querem dar um tom lúdico à manifestação, com a presença de grupos musicais e teatro de rua.

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Concentração na Praça da Matriz – Nas duas últimas manifestações, o bloco tinha o objetivo de chegar ao Piratini. Na quinta-feira passada, outros grupos conseguiram levar a marcha à Avenida Ipiranga. Na segunda, a BM bloqueou os acessos ao palácio. Desta vez, as organizações resolveram escolher a praça que simboliza os três poderes como ponto de encontro.

Número de participantes – Na página do Bloco de Luta no Facebook, 6 mil haviam confirmado presença até a tarde desta quarta-feira.

Vandalismo e saques – Pessoas que aproveitam a situação para realizar ações criminosas são vistas como resultado das desigualdades sociais. O bloco entende que não cabe ao manifestante fazer papel de polícia.

Trajeto – Está em aberto. O plano é realizar a manifestação na própria Praça da Matriz. Se houver algum impedimento, a concentração pode ocorrer na Esquina Democrática e ser seguida de uma caminhada.

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Recomendação paraos manifestantes – O bloco sugere levar vinagre ou máscaras de médico, para amenizar os efeitos de gás lacrimogêneo.

Confronto – Os manifestantes acham possíveis novos confrontos, porque identificam na Brigada Militar o objetivo de reprimir o protesto.

* Fonte: Lucas Fogaça, da Assembleia Nacional de Estudantes-Livre (Anel), integrante do Bloco