Apesar de figurar entre os cinco primeiros colocados no país, Santa Catarina ainda tem muito a avançar. É o que mostram os resultados divulgados nesta terça-feira do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa, na sigla em inglês), que baliza a educação mundial. O Estado caiu 17 pontos nas avaliações de matemática e quatro pontos em leitura. Já em ciências manteve a média de 418 pontos que teve em 2012 – as avaliações são feitas a cada três anos entre alunos de 15 anos de 70 países. Em 2015 participaram do Pisa mais de 23 mil estudantes de 841 escolas do Brasil. Em SC, 870 alunos de 34 escolas participaram das avaliações coordenadas pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

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Em matemática, o Estado apresentou a maior queda,17 pontos, e chegou a 398 pontos, no Brasil a média é de 377, enquanto nos países da OCDE é 490. O Brasil também caiu significativamente, 14 pontos.

— Os resultados mostram uma realidade já aguardada por muitos sobre a atual situação do ensino em nosso País: o Brasil continua na rabeira da educação mundial. Assim como nas edições anteriores, ficamos bem abaixo da média dos países da OCDE, com pouca evolução ao longo das últimas edições da prova — reforça o diretor de Articulação e Inovação do Instituto Ayrton Senna, Mozart Neves Ramos.

Em matemática o Estado aparece com a terceira melhor colocação no país (empatado com Minas Gerais), mas isso não é motivo para comemorar, defendem especialistas.

— Para um estado como o nosso, com a qualidade de vida que nós temos, os índices estão muito fracos. Não adianta dizer que SC está bem, porque o resto do país está pior. Os outros estados tem muitos problemas, mas SC não está em uma situação privilegiada, também tem muitos problemas — defende a coordenadora do Fórum Estadual de Educação de SC, Cássia Ferri .

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Para ter uma ideia do cenário negativo: 62% dos estudantes catarinenses tiveram um desempenho em matemática abaixo do nível 2, que é considerado pela OCDE o mínimo necessário para que o estudante possa exercer plenamente sua cidadania. No Brasil, o desempenho é ainda pior, 70,3% dos alunos ficaram abaixo desse nível.

Quando o tema avaliado foi leitura, os catarinenses apresentaram uma queda menor, quatro pontos, e chegaram a 419 pontos. A pontuação o coloca na quinta melhor posição no país, que tem como média 407.Em ciências, o Estado estagnou em 418 pontos, enquanto o Brasil apresentou uma média de 401. Além disso, 47% dos alunos catarinenses estão abaixo do nível 2, considerado aceitável pela OCDE. No Brasil são 56%.

Solução exige investimento e trabalho conjunto

A especialista Cássia reforça que os resultados do Pisa não são uma surpresa, já que SC apresentou queda também no Ideb e Enem:

— O que os dados refletem é que o ensino médio está estagnado. Os dados do Pisa só corroboram. É mais uma fonte de informação para dizer que as coisas não vão bem como deveriam. Ela cita que a reforma do ensino médio representa um “fio de esperança” para reverter esse quadro, porém defende que para que que aconteça uma verdadeira mudança é necessário trabalhar a qualidade de ensino desde os anos iniciais:

— Atacar só o ensino médio não resolve, tem que trabalhar todo o conjunto. Não é só uma reorganização curricular que vai fazer a diferença, a gente tem que pensar na formação de professores, na infraestrutura da escola e dos laboratórios, na oferta das atividades para os alunos.

O diretor do Instituto Ayrton Senna, Mozart Neves, acrescenta que apenas destinar mais recursos para a educação não adianta, é preciso geri-los adequadamente. Ele cita o fato que a Colômbia, México e Uruguai alcançaram resultados melhores que o do Brasil em 2015, mesmo com investimentos médios por aluno menores que o brasileiro.

— Investir na qualidade do professor é, de longe, o maior diferencial. Isso passa também em superar a baixa atratividade dos jovens brasileiros pela carreira do magistério, ao contrário do que ocorre nos países que estão no topo do ranking mundial do Pisa. Nesses países, ser professor é sinônimo de prestígio social — completa.