A placa que marca o fim do corredor e o início da coxia pede silêncio e, incrivelmente, é atendida. Mesmo que os atores presentes no teatro, cerca de 35 por dia, transpirem ansiedade, energia e que alguns ainda nem saibam ler. São crianças de cinco a 15 anos que estão participando durante toda a semana do 2º Festival da Casa, promovido pela companhia de teatro e produtora Casa Cultural, como resultado de um trabalho realizado durante o ano.
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No total, 160 alunos estão apresentando 17 montagens para familiares e convidados, em uma maratona iniciada na segunda-feira e que vai até amanhã, no auditório da Amunesc. Ele foi transformado em palco teatral pelo cenógrafo Ordilei Soares, parceiro da Casa Teatral ao lado da atriz Daniele Pamplona, responsável pela direção das peças.
A maioria dos jovens artistas que estreiam no palco nesta semana são alunos das escolas municipais Paul Harris, Pastor Hans Muller e Saul Sant’Anna de Oliveira – alguns tem aulas na sede da Casa Teatral, no bairro Costa e Silva – e fazem parte de um projeto iniciado em 2011 pela companhia.
– Eu já trabalhava com arte-educação e estudava a pedagogia aplicada no ensino do teatro quando as escolas começaram a solicitar aulas de teatro. Mas eu queria fazer algo diferente daquilo que as oficinas geralmente oferecem – afirma Daniele, referindo-se à ausência de projetos contínuos para teatro infanto-juvenil.
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No caso das aulas oferecidas pela Casa Teatral, a divisão é feita em quatro núcleos: o núcleo de estimulação e os núcleos 1, 2 e 3, que ainda são divididos em fases para atender às diferentes idades dos jovens atores. Desta forma, há continuidade no processo de aprendizado das artes cênicas.
– Os professores já perceberam a diferença dos alunos depois do teatro. Eles desenvolvem a concentração, a expressividade e a parte social – avalia Daniele.
O objetivo, ela frisa, não é fazer com que todos os alunos se transformem em atores profissionais – mas o sonho já vai aparecendo para alguns deles.
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– Joinville é carente de formação de atores, por isso é importante desenvolver um projeto para encontrá-los. E, além disso, o festival é uma arma de formação de plateia, já que pessoas que nunca foram ao teatro vem assistir os filhos e aprendem a gostar – diz Daniele.