Estudantes da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) decidiram na tarde desta terça-feira (10) fazer uma greve geral estudantil. A deliberação ocorreu em uma assembleia em frente à reitoria da universidade, em Florianópolis.
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Desde a semana passada, mais de 50 cursos já haviam aderido à paralisação ou entrado em estado de greve. Com a greve geral estudantil, os alunos pretendem pressionar pela liberação de recursos bloqueados no orçamento da UFSC que ameaçam a continuação das atividades da instituição até o final do ano.
Os estudantes da UFSC são os primeiros do país a decidirem por greve por causa dos cortes no orçamento das universidades públicas. Por todo o país, as instituições federais sofrem com os bloqueios de recursos feitos em maio pelo governo federal. No Ceará e no Oeste de SC, há estudantes envolvidos em paralisações, mas por protesto contra as nomeações de reitores que não foram os eleitos nos processos internos de votação.
Na assembleia desta terça, estudantes da UFSC defenderam uma paralisação nacional da educação que ocorresse a partir da mobilização dos alunos da instituição catarinense.
A votação que definiu a greve geral foi feita apenas por estudantes, com cédulas que os alunos receberam no início da assembleia ao fazer um credenciamento. Antes, cerca de 20 estudantes que se inscreveram fizeram discursos, com sugestões de medidas também sobre outros temas, como a manutenção ou não da realização do vestibular e a pressão contra a sequência do projeto Future-se, proposto pelo governo federal.
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A assembleia que definiu a greve dos estudantes a partir desta terça-feira começou por volta das 13h, em frente à reitoria. Universitários formaram longas filas para se inscrever e retirar uma cédula amarela. Foi com esse papel que os estudantes sinalizavam o apoio ou rejeição aos mais de 50 encaminhamentos sugeridos por alunos ao longo da reunião. Muitos dos acadêmicos que estavam na calçada e nos gramados da universidade, debaixo de um forte sol, usavam camisetas de cursos ou com dizeres em defesa de luta pela educação.
Após uma hora e meia de assembleia, os estudantes ergueram praticamente de forma unânime os papéis amarelos que sinalizavam o apoio à greve geral estudantil. Além da greve, aprovada por ampla maioria, a assembleia definiu outros encaminhamentos.
Entre eles estão outras defesas que os estudantes devem fazer ao longo da greve, como a reversão no corte de bolsas do CNPq, a rejeição ao programa Future-se, a manutenção do Restaurante Universitário (RU) aberto, a readmissão de funcionários terceirizados que foram demitidos após a UFSC ter que revisar contratos de serviços por conta da redução orçamentária, além de manifestações de apoio à UFFS, que protesta contra a nomeação do novo reitor, que foi o terceiro colocado na eleição interna feita com a comunidade acadêmica.
Opiniões diversas entre os estudantes
A votação pela greve ocorreu de forma quase unânime, simbolizada pelos papéis amarelos erguidos em frente à reitoria. Entre os estudantes, porém, alguns ainda admitiam incerteza sobre as consequências do movimento para os alunos e a eficiência de conseguir reverter os bloqueios no orçamento da UFSC.
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Alguns cursos votaram contra a greve e continuaram com atividades normais nos últimos dias. Na assembleia, havia estudantes que afirmavam ter dúvidas se consideravam a greve o melhor caminho para defender a liberação de recursos da universidade.
Para outros, essa é a forma correta de pressionar por uma solução. Nesta terça-feira, na assembleia, estudantes do 1 e 2 período de Psicologia manifestavam opiniões mais contundentes sobre a greve estudantil como principal caminho para reivindicar a liberação dos recursos que a UFSC precisa para terminar o ano.
— Sem recursos a universidade não tem mais como funcionar. Já teria que parar em outubro. Sem Restaurante Universitário, sem produção científica suficiente. Queremos também quebrar o clima de normalidade, porque a universidade não está em um momento normal — Sophia Vendrami, 18 anos, estudante de Psicologia.
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