O auditório da Escola Estadual Getúlio Vargas, do bairro Saco dos Limões, de Florianópolis, estava cheio na tarde de ontem. Não se tratava de uma palestra, nem de uma aula diferenciada. A verdade é que estava rolando muito negócio por lá. Alunos dos 8º e 9º anos tentavam vender produtos que eles mesmos criaram após lições de empreendedorismo que ganharam de acadêmicos da UFSC.
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O projeto intitulado de ¿Saber & Viver¿ foi criado pelos estudantes da 8ª fase do curso de Administração durante a disciplina de ¿Administração de Projetos¿. Os acadêmicos resolveram entrar em uma escola para levar aos adolescentes os conhecimentos que eles viram em sala. Foram 66 dias e seis encontros, que encerrou na feira que ocorreu ontem.
Durante as aulas com os futuros administradores, os adolescentes pensaram no que queriam ser e fazer, em um produto, no nome dessa marca, e aprenderam sobre matéria-prima, custos, lucro e vendas. O projeto foi patrocinado e apoiado por três empresas, que doaram os materiais e prêmios aos melhores empreendedores: seis meses de aulas de inglês, brindes de decoração e até um dia inteiro no Beto Carrero World. Os escolhidos foram definidos por uma banca de jurados com os patrocinadores, acadêmicos da UFSC e professores.
— O nosso principal objetivo era mostrar que é possível realizar um sonho, que é possível empreender e fazer algo que gosta — explicou uma das responsáveis pelo projeto, a acadêmica Ana Clara Granzotto.
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Foi o que ocorreu com o aluno Bernardo Martins, de 15 anos. Ele tem afinidade com o lápis e manda super bem no grafite e desenho. Mas não sabia que poderia investir na sua arte. Ele foi orientado a aproveitar o dom para empreender. E o resultado ficou incrível. Com canetas para tecido, fez seus desenhos em camisas e criou a marca 048, junto do colega Natanael Martins, 15.
— Eu já tinha feito uns desenhos em camisas. Acho que pode ser algo para fazer no futuro — comentou.
Vendas inspiradas no Banco Imobiliário
Para os alunos passarem pela experiência de vender e conquistar clientes, os acadêmicos instituíram dinheiro falso e cartão, inspirado no jogo Banco Imobiliário, para a feira. O dinheirinho foi levado aos alunos dos 5º, 6º e 7º anos, que puderam escolher o melhor produto e comprar.
As meninas do grupo SixtBoxes criaram caixinhas decorativas para guardar bijuterias. Elas contaram que durante as aulas aprenderam a contabilizar o que gastariam para fazer o produto, mais a mão de obra, e a colocar um preço. Assim, elas não sairiam no prejuízo com uma venda muito barata, e nem ficariam mal faladas com algo muito caro.
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— Gostei muito do jeito que o pessoal da UFSC nos ensinou as coisas. Foi fácil de entender. Aprendemos a administrar um negócio e como economizar — contou Maria Cristina Cardoso, 14.
A diretora da Getúlio Vargas, Cida Monarin, observa a importância de trabalhar o empreendedorismo nesta idade, quando os adolescentes estão pensando em seus sonhos. Além de que a iniciativa mexeu com um pouco de cada disciplina: desde matemática, português, ciências e história.
— Foi uma troca de experiências interessante entre alunos e acadêmicos. Os universitários conheceram a realidade de uma escola pública, e os estudantes aprenderam com o conhecimento deles — destacou a diretora.
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