Traumatismo craniano encefálico (TCE) numa menina de 13 anos foi o resultado de uma confusão que começou na internet e terminou na sala de aula. A briga foi na Escola Estadual Maestro Francisco Manoel da Silva, no bairro Vila Nova, em Joinville, na segunda-feira à tarde.

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A estudante da sétima série saiu na quarta-feira do Hospital Infantil. Mas segue em observação, em casa, até sexta. A família está indignada com a postura da escola. A agressão ocorreu às 15h15, na hora do intervalo. A garota estava na sala de aula quando outras duas jovens de 14 anos entraram. Cerca de outros dez estudantes, conhecidos das supostas agressoras, entraram também e fecharam a porta.

– Eu estava no fundo da sala. A guria veio na direção e me deu um soco. A outra menina bateu em uma amiga minha, que também tinha ficado na sala – conta a adolescente.

– Ela bateu várias vezes a minha cabeça contra a parede e o chão.

A agressão durou cinco minutos. Depois, todos se retiraram. Em seguida, aconteceu uma das coisas que os pais da menina mais reclamam. Assustada, a jovem procurou uma coordenadora da escola.

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– Me atenderam, pediram para eu esperar um pouco, me acalmar – conta ela. Essa espera durou pouco mais de uma hora. Por volta das 16h30, a vítima voltou para a sala sem atendimento médico, apesar da dor forte na cabeça. As alunas agressoras também teriam retornado para as aulas normalmente. Poderia ter sido pior.

Avisada do ocorrido e denunciada por alunos, a diretora da escola teria ido ao encontro de uma das agressoras, revistado a mochila e encontrado uma faca de 20 cm de lâmina. Questionada, a estudante teria dito que havia participado de um churrasco no domingo e que tinha recebido a faca de volta na segunda. A desculpa não convenceu nem a direção da escola.

Contra a suposta agressora pesou um recado deixado por ela mesma no perfil do Orkut de uma prima da vítima. A briga, segundo as envolvidas, ocorreu por causa de conhecidas em comum. As diferenças entre as meninas, de estilos e gostos, já teriam começado em fevereiro.

O caso foi parar na polícia

A postura da escola logo após a violência deixou os pais da adolescente revoltados.

– O que não entendo é por que não levaram a minha filha para um pronto-socorro, um hospital. Nem me ligaram para contar – reclama a mãe da menina.

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Ela diz ter chegado em casa no final da tarde e ter encontrado a filha reclamando de enjoo e vomitando. Os pais é que levaram a menina para o hospital, onde ela passou a noite de segunda e parte da terça-feira. O traumatismo na cabeça foi diagnosticado pelo pediatra do Hospital Infantil. O pai da menina registrou boletim de ocorrência na Delegacia da Mulher e da Criança.

Também na terça-feira à tarde, a família foi à Gerência Regional de Educação (Gered) formalizar a reclamação. O encontro teve a presença da mãe de uma das supostas agressoras, que chorou. Na terça e na quarta-feira, enquanto a adolescente de 13 anos se recuperava, as duas suspeitas de agressão foram à escola normalmente.

Segundo a Gered, a princípio, as meninas não serão expulsas do colégio estadual. Mas Elas podem receber punições como suspensão ou ter de passar os intervalos na biblioteca.

O QUE DIZ A GERÊNCIA DE EDUCAÇÃO

A gerente Regional de Educação, Clarice Portella, disse que a todas as decisões, inclusive de possível punição a quem agrediu, não precisam passar pela Gered.

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– A escola tem total autonomia para decidir isso. Nós vamos acompanhar o processo, até porque os pais estiveram aqui.

A DIREÇÃO DA ESCOLA

“AN” esteve na Escola Estadual Maestro Francisco Manoel da Silva na quarta. Funcionários confirmam o ocorrido, mas não dão detalhes. A diretora e coordenadora que estavam na escola no momento da agressão disseram que têm recomendação de não falar com a imprensa. E que as dúvidas sobre o assunto deveriam ser esclarecidas com a Gered.

POLÍCIA

A Polícia Civil deve investigar a situação. Os pais dos envolvidos também poderão ser ouvidos.