Para garantir a vaga no disputado curso de Engenharia Civil da UFSC, Alexandre Cardoso Carpes Júnior, 18 anos, teve que enfrentar muito mais do que os complicados exercícios de física e matemática. Só no segundo semestre do ano passado, foram 40 dias de internação no hospital e horas de um tratamento de saúde, que pareciam distanciá-lo da desejada vaga na universidade.

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A reclusão no hospital, às vésperas do vestibular da Udesc, o impulsionou ainda mais para os livros. No meio do ano, ele já conquistado a aprovação na instituição no curso de Administração Pública, mas o objetivo principal era a Engenharia na UFSC. Fosse para se distrair ou para manter o foco no sonho, Alexandre assistia a vídeo-aulas no computador – concedidas à namorada pelo cursinho pré-vestibular – e fazia as lições da apostila em todo o tempo livre de sessões do tratamento.

Enganava enfermeiras, que pensavam que ele estava nas redes sociais, e ia na contramão de médicos que supunham que ele deveria reduzir o ritmo e se desligar dos conteúdos.

Alexandre sempre teve o hábito de prestar o máximo de atenção nas explicações do professor, o que foi fundamental em uma fase em que faltava tempo e disposição para estudar horas a fio. Quando o corpo insistia em atrapalhar, então, ele devolvia com essa capacidade de absorver rapidamente os assuntos e com disciplina, aproveitando as folgas para se preparar, da forma que pudesse, para os processos seletivos.

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Os pais, a irmã e a namorada davam o apoio e não saiam de perto do estudante, estivesse ele com ou sem os livros. Para a namorada Gabriela Porto Machado, 18, e a irmã Isadora, 15, sobrava até puxão de orelha.

– Eu tinha preguiça de ir para a aula e ele me dizia que eu tinha que ir. Ele era um exemplo para mim – conta Gabriela.

Uma semana antes do Vestibular da UFSC, Alexandre pode voltar para casa. Encarou o processo seletivo com milhares de estudantes e conseguiu o feito de poucos: a aprovação na Engenharia. Surpreendeu até os pais.

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– Nem a gente acreditava que ele conseguiria, depois de tanta coisa. A superação dele é maravilhosa – aponta o pai orgulhoso, Alexandre Cardoso Carpes.

O jovem descobriu que estava com câncer no final de 2010. Desde então, segue em tratamento por tempo indeterminado, porém, nunca cogitou deixar os livros de lado. Agora, raspou o cabelo de novo, mas como comemoração pela aprovação. Ninguém mais segura o futuro engenheiro que se acostumou a resolver problemas.

– Só quero cursar a faculdade… Espero que o curso de Engenharia seja difícil, porque assim eu gosto mais – diz Alexandre.

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