Assassinado na madrugada desta terça-feira em Florianópolis, durante tentativa de assalto, Marcelo Alves Nunes, 33 anos, não tinha medo do trabalho nem preconceito com funções. Desde os 15 anos, quando foi trabalhar como office boy num escritório de advocacia de Passo Fundo, ele sonhava em formar-se em Direito.
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Para chegar lá, ele trabalhava durante o dia no escritório e à noite em segundos empregos: garçom em lancherias, instalação de antenas, conserto de computadores.
– Ele batalhava muito para chegar onde queria, era um lutador, conta a mãe de Nunes, Ana Alves Nunes.
Morador do bairro São Luiz Gonzaga, em Passo Fundo, no norte do Estado, há dois anos e meio ele frequentava o curso de Direito na Universidade Anhanguera. Aplicado, não perdia a oportunidade de realizar cursos extras e participar das semanas acadêmicas. Este ano, passados os exames finais, resolveu viajar a Florianópolis para visitar amigos de infância.
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Mas nem mesmo nas férias se deu ao luxo de parar de trabalhar. Segundo a mãe, Nunes aproveitou o descanso para trabalhar numa empresa financeira na capital catarinense e estava com viagem de retorno para Passo Fundo marcado para quinta-feira, onde morava com os pais e dois irmãos.
Não foi possível. Na madrugada de terça-feira, Nunes foi com um amigo de infância ao Mirante da Lagoa, para um passeio. O local é ponto turístico e os dois estavam fora do carro olhando a vista, quando foram abordados por três homens, um deles armado, que anunciaram o assalto. Depois de levar carteiras dos dois, os homens pediram a chave do carro, mas na hora de entregar, Nunes teria feito algum gesto que foi interpretado como reação pelos bandidos.
– O chaveiro pode ter ficado preso na roupa, ou ele titubeou na hora de entregar e acabou sendo baleado no peito, conta o delegado de Polícia Civil Adriano Almeida.
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Conhecido pelos amigos como pessoa calma e ponderada, a mãe de Nunes acredita que ele não tenha reagido ao assalto, mas que tenha tido dificuldades de tirar o chaveiro do bolso.
– Meu filho estava em pleno rigor da vida, batalhando, é horrível saber que a gente está sujeito a estes crimes a cada passo, salientou.
Depois de matar Nunes, os homens fugiram à pé. A Delegacia de Homicídios de Florianópolis trabalha para identificar os bandidos e o delegado passou a tarde ouvindo testemunhas. Conforme Almeida, há registros de outros assaltos no mesmo local durante a noite.
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