Iniciado o período “pré-eleitoral” os partidos escolhem seus candidatos e, de acordo com a legislação, começam a arrecadar subsídios para financiar suas respectivas campanhas. Uma parte do financiamento de campanha advém dos cofres públicos, por meio do fundo partidário; e a outra, da iniciativa privada, através de doações por pessoas naturais e/ou jurídicas.

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Em princípio, as doações deveriam surgir daqueles que concordam com a ideologia política de um partido ou candidato, mas na prática não é o que visualizamos. Doações de uma mesma pessoa jurídica para candidatos rivais se tornaram comum. Qual a razão? Como pode abraçar ideais incompatíveis? O único e justificável motivo é o interesse econômico atrás das cortinas das eleições. Vale lembrar que tais cortinas não dão conta de tapar tamanho descaso com o detentor do poder: o povo.

Empresários do ramo da construção civil, do setor financeiro, da indústria petroquímica, entre outros, doam, ou melhor, investem milhões nas campanhas para que ao final das eleições o candidato eleito os favoreça na hora de contratar com o poder público. A democracia é substituída pelos interesses econômicos de uma minoria, em flagrante confronto com o princípio republicano-democrático, segundo o qual todo poder emana do povo e em seu favor deve ser utilizado.

A priori não deveriam ser verificados tais problemas. Ora, se uma empreiteira, por exemplo, concordasse realmente com uma ideologia defendida por determinado candidato, estaria autorizada (e está) a apoiá-lo. Isso deveria ser a normalidade. Todavia, a partir do momento em que um candidato apenas consegue se eleger caso faça uma campanha milionária com apoio do setor privado, a paridade entre seus concorrentes, a igualdade e a democracia são arranhadas e a Constituição não é aplicada na prática. Chegou a hora de dar um basta nisso. Por mais que em um primeiro momento a ideia possa soar mal, o financiamento de campanhas com capital exclusivamente público é a solução.

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