O gosto pela arte da vencedora do concurso que elegeu a nova mascote do DC na Sala de Aula, Giovana Bresolin Tartas, 12 anos, do 7o ano da Escola Estadual Coronel Ernesto Bertaso, de Chapecó, veio cedo. Ela afirma desenhar “desde que estava na barriga da mãe”. Afinal, além do talento para as artes, teve sempre o incentivo de Ires Bresolin Tartas, que nas horas vagas faz pinturas em quadros e bordados.

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A menina resolveu participar do concurso após o incentivo da professora Neuza Breda. Para decidir o que iria escolher como mascote, pesquisou sobre símbolos de Santa Catarina. Foi aí que decidiu desenhar a araponga, utilizando as cores de orquídeas nas asas da representante. O chapéu foi para dar um ar de “intelectualidade” à mascote. A ideia de cobrir o corpo do pássaro com jornais foi da mãe. Giovana justificou que, assim como as aves antigamente também serviram para levar mensagens, o DC na Sala de Aula envia notícias para a casa das pessoas. A professora Neuza Breda, que orientou a menina no trabalho, afirmou ter contribuído apenas com o desenvolvimento do texto. Giovana não esperava vencer o concurso, mas o pai, Paulino Tartas, professor de Matemática, estava confiante.

– Eu esperava pois ela é muito dedicada, está sempre lendo e desenhando, às vezes nós temos que pedir para ela parar de ler – diz.

Os pássaros são algumas das paixões de Giovana. Ela tem 15 animais de estimação da raça agapornis. Paisagens estão entre seus temas preferidos. Na sala de aula, ela já fez releituras de quadros de Tarsila do Amaral e Di Cavalcanti. Até uma versão egípcia da Mona Lisa, personagem de Leonardo Da Vinci, ela produziu. Também já fez esboços de vestidos para a mãe, que é costureira. Giovana não gosta muito de temas abstratos, prefere quando recebe um assunto pré-definido em sala de aula. A direção da escola vibrou muito com a conquista, pois afirma que é muito gratificante ver um trabalho que saiu da instituição virar um símbolo estadual.

Um pouco de si em um personagem

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Primeiro o lápis, depois o contorno de caneta preta para só então começar a pensar nas cores. A forma quase metódica de fazer cada um dos desenhos tem uma explicação bem simples para um dos finalistas do concurso da mascote do DC na Sala de Aula, Eduardo Fabian Rayzel, de 8 anos:

– Se eu fizer direto de caneta não consigo apagar e deixar bonito. E tem que ficar bonito!

Eduardo pensou em um representante que tivesse identificação com o que ele gosta. Foto: Charles Guerra

O aluno do 3º ano da Escola Municipal Henrique Veras, na Lagoa da Conceição, em Florianópolis, diz que desenhar é uma das atividades que mais gosta.

Para criar a mascote, ele misturou um pouco de si – com as chuteiras e a cor azul, sua preferida – à ideia de informação e claridade de pensamentos representadas pelas lâmpadas. Os traços foram inspirados no artista Luciano Martins, que reside em Florianópolis.

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A professora que o orientou, Patrícia Mary de Faria, afirma que a escola procura apresentar artistas que têm mais proximidade com os alunos. No último semestre, o artista estudado foi Martins, que acabou atraindo a atenção do menino.

Pelo menos 600 concorrentes

Giovana e Eduardo concorreram com mais de 600 desenhos enviados por crianças das redes estadual e municipal de ensino credenciadas ao programa DC na Sala de Aula.

Os trabalhos foram avaliados por duas comissões julgadoras. A equipe do Laboratório de Novas Tecnologias (Lantec) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) avaliou as obras dos alunos de 6o ao 9o ano e a Academia Catarinense de Letras (ACL) os de 1º ao 5º.

A qualidade técnica e a criatividade dos trabalhos encantaram a estudante de Design, Priscila Esmeraldino, integrante da equipe do Lantec. Ela afirma que a escolha se deu a partir da harmonia entre justificativa e desenho.

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– Tinham alguns desenhos muito bons, mas que não tinham uma boa justificativa e algumas justificativas muito legais, mas que destoavam dos desenhos. Me senti muito orgulhosa das crianças catarinenses, algumas desenham muito bem – afirma.

A escritora e pesquisadora da ACL, Lélia Pereira Nunes, afirma que a comissão elegeu o desenho que julgou leve, infantil e criativo, traduzindo a essência de uma criança. Ela ainda destaca que muitos trabalhos reproduziram personagens já existentes e, portanto, fugiram da proposta do concurso. que era fazer as crianças darem asas à imaginação e materializarem as ideias por meio de um desenho.

Os dois finalistas vão receber um tablet cada e as professoras que os orientaram irão ganhar um smartphone. A solenidade de premiação das escolas estaduais será na sexta-feira, às 10h, no auditório da SED.

Comissões julgadoras das mascotes

Perto de completar cem anos de fundação, a Academia Catarinense de Letras (ACL) cumpriu uma missão diferente do que está acostumada a executar: elegeu um desenho entre centenas de inscritos – crianças do 1o ao 5o ano das escolas da rede estadual e municipal – para ser a nova mascote do DC na Sala de Aula.

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Membros do Laboratório de Novas Tecnologias (Lantec) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) também participaram da difícil tarefa e escolheram um trabalho entre os participantes do 6º ao 9º ano.

Pâmela Carbonari, Priscila Esmeraldino e Sila Marisa de Oliveira, do Lantec. Foto: Alvarélio Kurossu

A ACL foi representada por Salomão Ribas Jr., atual presidente da entidade, e pelos membros Rodrigo de Haro e Lélia Pereira Nunes. Composta por 40 cadeiras, como são chamados os lugares ocupados pelos acadêmicos, a instituição é formada por patronos escolhidos entre nomes catarinenses famosos. Nesse quase um século, importantes escritores, professores, pintores e escultores do Estado a integraram. No momento, cinco cadeiras estão vagas.

Lélia Pereira Nunes também ajudou na seleção. Foto: Júlio Cavalheiro

Segundo Salomão Ribas Jr., nesse ano, a Academia iniciou um processo de aproximação com a mídia com o objetivo de cooperar na defesa da leitura, da literatura catarinense e da língua nacional.

Rodrigo de Haro e Saloão Ribas Júnior, da ACL. Foto: Marco Favero

O grupo do Laboratório de Novas Tecnologias da UFSC foi formado pela design educacional Sila Marisa de Oliveira, mestre em Estudos da Tradução, pela designer gráfica Priscila Esmeraldino e pela jornalista Pâmela Carbonari.

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O Lantec trabalha com materiais digitais, como vídeos-aulas, para os cursos superiores da universidade, principalmente os à distância. A estrutura é formada por professores doutores, designers, jornalistas e estagiários.