Às 19h o movimento no Ambulatório Geral da Velha é de moradores em busca de agendamento de consultas e medicação. Outros começam a chegar para garantir senha de atendimento no horário estendido, das 21h à meia-noite. Os pacientes queixam-se de dor de cabeça, febre e enjoo. Perto das 21h a situação fica ainda mais crítica.
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Quinta-feira, uma mãe chega com o filho nos braços em convulsão, uma mulher com ataque de nervos tem o lado direito do corpo paralisado e uma jovem sofre de reação alérgica. Os médicos e enfermeiros se concentram nos três pacientes e, enquanto isso, o recepcionista coloca as senhas das 21h. Uma fila se forma.
Onde se espera por atendimento não há ventilador nem ar-condicionado. A lixeira do banheiro transborda e as portas estão comidas por cupim. Na recepção, há caixas por todos os cantos. E o cenário só piora: às 21h15min 31 adultos e oito crianças aguardam para ser atendidos.
– Tinha que ser melhor e maior pelo tamanho do bairro. Para marcar consulta demora muito – comenta a moradora Vera, que foi ao AG em busca de assistência para a neta, que vomitava.
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O ambulatório tem, no horário estendido, dois clínicos-gerais, que também atendem crianças, cinco técnicos em enfermagem e dois enfermeiros. Casos como os testemunhados pelo Santa foram atendidos sem condições adequadas. Em uma quinta-feira, barata e até um rato passaram pela recepção do ambulatório. A moça que teve reação alérgica e a mulher com ataque de nervos foram levadas para um quarto com duas camas. Médicos, enfermeiros, pacientes e familiares se dividiam num pequeno espaço.
Do outro lado da cidade, no Ambulatório Geral do Garcia, que atende 4,3 mil pessoas por mês, às 21h40min o ambiente é agradável. Há música e uma televisão ligada. Cerca de 20 moradores esperam por atendimento.
– Para trabalhar com pessoas é preciso dom e amor. Sou muito bem atendida aqui no Garcia – conta Maria, moradora do Morro do Sestrem.
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Há dez dias, a unidade de saúde do Garcia recebe melhorias e a partir desta semana comecaçarão as obras de ampliação no AG da Velha. Na segunda-feira, o Ambulatório Geral Guilherme Jensen começou a atender no horário estendido. A meta da Secretaria de Saúde é ampliar o horário de outros ambulatórios até o fim deste governo.
Apesar da falta de estrutura, os hospitais reconhecem que a criação do horário estendido nos AGs da Velha e do Garcia diminuiu a procura pelo pronto-socorro. De abril, quando foi criado, a dezembro de 2013, o número de atendimentos no Santa Isabel caiu em 2,6 mil no mesmo horário.