Uma estrela rara e mais velha que o sol foi descoberta por um projeto internacional de astronomia, do qual o professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Antônio Kanaan, faz parte. O pesquisador explica que a SPLUS J2104-0049 pertence a um grupo seleto de estrelas ultra pobres em elementos químicos e nunca havia sido identificada antes.
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Quanto menos elementos químicos as estrelas têm, mais leves elas são e mais tempo duram, explica o professor. Ou seja, é possível concluir que a SPLUS J2104-0049 é bastante antiga. A estrela tem uma luz fraca e não pode ser vista a olho nu, apenas com um telescópio.

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Antônio explica que, enquanto o universo teria sido formado há 13,5 bilhões de anos, o sol, que é uma estrela muito pesada, surgiu depois, e tem aproximadamente 10 bilhões de anos. Por isso, segundo a teoria da formação do universo, as primeiras estrelas encontradas teriam uma massa bem menor do que o sol, para durarem mais do que ele.
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Segundo o professor Kanaan, as descobertas de estrelas antigas como essa contribuem para que os pesquisadores possam entender melhor a formação do universo e até mesmo desmistificar teorias de como e quando o nosso planeta surgiu.

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Projeto internacional
O professor integra o projeto Southern Photometric Local Universe Survey, ou Levantamento Fotométrico do Universo Local Sul (S-PLUS), que reúne cerca de 50 pesquisadores com participação da UFSC e de países como Argentina, Chile, Estados Unidos e Espanha.
Utilizando um telescópio robótico de 86 centímetros de diâmetro, bem menor do que os usuais, os integrantes do projeto mapeiam o céu do Chile em busca de novas estrelas.
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— Essas descobertas levam horas para serem feitas porque você precisa observar cada pedaço do céu e aí fazer o estudo das estrelas. Mas esse telescópio que a gente usa tem um campo de visão bem maior, é como uma câmera de lente grande angular. A gente tira várias fotos e consegue pegar um pedaço maior do céu. Em mais ou menos uma hora e meia, nós conseguimos observar 100 mil estrelas — explica o professor.

O programa de robotização que é utilizado no telescópio foi desenvolvido por Antônio e seus alunos dentro da universidade. Ele conta que os estudos começaram há mais de 20 anos.
— Assim que eu entrei na UFSC, em 1998, comecei a desenvolver esse software e vários alunos meus fizeram parte do projeto durante os anos. Depois nós montamos o observatório da UFSC e começamos o programa lá — afirma.
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O telescópio do projeto S-PLUS fica no observatório Cerro Tololo, a cerca de 80 km da cidade de La Serena, no Chile. Como o local fica em uma área desértica na Cordilheira dos Andes, a uma altitude de cerca de 2,2 mil metros acima do nível do mar, o céu é mais limpo e, portanto, é mais fácil observar as estrelas.
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Segundo Antônio, a combinação de deserto com montanha é a ideal para a astronomia e possibilita mais chances de fazer descobertas tão importantes como a estrela SPLUS J2104-0049.

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