É sempre lá, no lado direito da arquibancada oposta às cabines de imprensa do ginásio Artenir Werner que está Vanderlei Domingos da Silva. É no mesmo lugar de todas as partidas, em cima do número 787 desgastado pelo tempo, que o icônico torcedor do vôlei de Rio do Sul acompanha os jogos, sempre cercado de outros fanáticos colegas trajados com as cores amarelo e preto. E foi nesse mesmo local, com sua generosa pitada de superstição, que ele viu a derrota para o Camponesa/Minas-MG, que culminou com a eliminação na última Superliga, em março deste ano.

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– A mais doída de todas – lamenta, mesmo 240 dias depois.

Lá se foi uma temporada, começou outra, e aquela noite ainda está entalada na garganta. Seja por conta da emoção contida, ou pela ansiedade de voltar a torcer pelo seu time no aconchego do lar. Doce lar. E ontem o cimento frio, seu lugar preferido, voltou a ser aquecido com a presença de centenas de torcedores que viram não só a volta para casa, como uma atuação de gala das rio-sulenses para garantir a segunda vitória na Superliga deste ano.

Quatro remanescentes em ação por Rio do Sul

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Na arquibancada, não só Vanderlei como outros também presenciaram a eliminação na temporada 2015/2016. Em quadra, apenas quatro – Camila Paracatu, Tati Rizzo, Jéssica e Ju Paz – eram as remanescentes. Quatro nomes e sentimentos que inevitavelmente são atrelados ao 15 de março, dia que superou o domingo de sol e calor que marcou a eliminação do finado Atlético Alto Vale nas semifinais do Campeonato Catarinense, lá em 2000, como o mais decepcionante do esporte de Rio do Sul.

Livres, leves e soltas, as meninas ignoraram o passado recente e apertaram o botão de recomeçar. Empurradas pelo barulho por vezes ensurdecedor da torcida, que dessa vez não chegou a lotar o ginásio, elas acertaram tudo e mais um pouco. Com uma forcinha especial dos erros de Brasília-DF e a solidez defensiva, as rio-sulenses maltrataram as adversárias e venceram por 3 sets a 0, com parciais de 25/18, 25/16 e 25/22, e atuação destacada da ponteira Kasiely, eleita a melhor do jogo.

– Estrear em casa é difícil, mas fazer isso bem, somando três pontos com 3 sets a 0 contra Brasília, que é um excelente time, é essencial para dar um pouco mais de tranquilidade e moral para nós. Fomos taticamente muito bem e isso deu uma consistência para o grupo todo – destacou o técnico Fernando Bonatto ao final do duelo.

Empolgado, o time de Rio do Sul tem uma pausa de quase duas semanas e só volta a jogar novamente no dia 22. O local? Ginásio Artenir Werner. O adversário? Minas. Aquele.

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– É outro jogo, é outra história. O que aconteceu na temporada passada já foi superado – afirmou a oposta Ju Paz.

Enquanto as jogadoras já pensam nos desafios que virão pela frente na Superliga, Vanderlei, o torcedor do lugar 787, empolgadão, era só festa.

– Rio do Sul voltou! – cantarolava Vandeco, como é popularmente conhecido no Alto Vale.