O Ministério da Saúde ampliou a estratégia de combate ao mosquito Aedes aegypti com larvicidas. O procedimento foi criado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) para combater a proliferação do inseto responsável por transmitir a dengue, zika e chikungunya. Em Santa Catarina, só este ano foram confirmadas 272 mortes por dengue.
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A expectativa é de que a transformação da iniciativa em política pública nacional contribua para reduzir as populações do inseto, sobretudo em cidades maiores.
O que é a estratégia desenvolvida
A estratégia envolve as chamadas estações disseminadoras de larvicidas (EDLs). São potes com dois litros de água parada distribuídos em locais onde há proliferação dos mosquitos. Em busca de um local para depositar seus ovos, as fêmeas são atraídas, no entanto, antes de alcançarem a água, elas ficam presas em um tecido sintético que cobre os potes, impregnado do larvicida piriproxifeno. A substância adere ao corpo das fêmeas que pousam na armadilha. Dessa forma, elas mesmas levarão o larvicida para os próximos criadouros que encontrarem, afetando o desenvolvimento dos ovos e as larvas.
A nota informativa editada há duas semanas pela Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde, estabelece que o fluxo para a adoção das EDLs envolve cinco etapas: manifestação de interesse do município, assinatura de acordo de cooperação técnica com a pasta e com a Fiocruz, validação da estratégia com a Secretaria de Saúde do respectivo Estado, realização de capacitações com os agentes locais e monitoramento da implementação.
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Confira tudo o que se sabe sobre o método que vai ajudar no combate à dengue em Joinville
Gradativamente, a estratégia deverá ser expandida pelo país, considerando a capacidade dos envolvidos nas três esferas nacional, estadual e municipal.
Inicialmente, o trabalho contempla 15 cidades, escolhidas com base em alguns critérios: população superior a 100 mil habitantes; alta notificação de casos de dengue, chikungunya e zika nos dois últimos anos; alta infestação por Aedes aegypti; e disponibilidade de equipe técnica operacional de campo.
Estratégia foi desenvolvida pela Fiocruz
As EDLs foram desenvolvidas por pesquisadores da Fiocruz que atuam no Laboratório Ecologia de Doenças Transmissíveis na Amazônia (EDTA). Os estudos para avaliar a estratégia começaram a ser financiados pelo Ministério da Saúde em 2016, novas possibilidades para o controle do Aedes aegypti começaram a ser pesquisadas. Até 2022, foram feitos testes em 14 cidades brasileiras.
Segundo os cientistas, as fêmeas visitam diversos criadouros, colocando poucos ovos em cada um. Os estudos mostraram que aquelas que pousam na armadilha disseminam o larvicida em um raio entre 3 e 400 metros.
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Como é o próprio inseto que propaga o larvicida, é possível alcançar criadouros em locais inacessíveis, como dentro de imóveis fechados.
As EDLs já haviam sido citadas no ano passado em outra nota do Ministério da Saúde que recomendou a adoção de cinco novas tecnologias no enfrentamento às arboviroses em municípios acima de 100 mil habitantes, entre elas as armadilhas.
Dengue em SC
O mais recente boletim epidemiológico da dengue, divulgado pela Dive na quarta-feira (3), mostra que Santa Catarina tem mais de 350 mil casos prováveis da doença, um aumento de 161,78% comparando com o mesmo período do ano passado.
Este ano, foram confirmadas 272 mortes por dengue, e outras 54 permanecem em investigação pela Secretaria Municipal de Saúde com apoio da Secretaria de Estado da Saúde.
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Os focos do mosquito Aedes aegypti, segundo o último levantamento, estão presentes em 254 municípios, totalizando 46.629 focos. Dos 295 municípios de Santa Catarina, 171 são considerados infestados pelo vetor.
Ações para eliminar os focos do mosquito
- Evite que a água da chuva fique depositada e acumulada em recipientes como pneus, tampas de garrafas, latas e copos;
- Não acumule materiais descartáveis desnecessários e sem uso em terrenos baldios e pátios;
- Trate adequadamente a piscina com cloro. Se ela não estiver em uso, esvazie-a completamente sem deixar poças de água;
- Manter lagos e tanques limpos ou criar peixes que se alimentem de larvas;
- Lave com escova e sabão as vasilhas de água e comida de seus animais de estimação pelo menos uma vez por semana;
- Coloque areia nos pratinhos de plantas e remova duas vezes na semana a água acumulada em folhas de plantas;
- Mantenha as lixeiras tampadas, não acumule lixo/entulhos e guarde os pneus em lugar seco e coberto.
*Com informações da Agência Brasil
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