Em meio à multidão de torcedores brasileiros, alguns corações vão bater por outras seleções. Para os estrangeiros que vão assistir à Copa em Joinville o sentimento é, ao mesmo tempo, de alegria e de tristeza. Por um lado, vivem a euforia de estar no país que vai sediar a Copa. Mas, para onde olham, não reconhecem as cores do país. São torcedores solitários, e a vontade de estar em casa é mais forte nessa hora.
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“AN” conversou com alguns deles. Camisa, boné e bandeira já foram retirados do armário e os palpites estão na ponta da língua. A favorita para levantar a taça, claro, é a terra natal, mas esbanjando simpatia, os estrangeiros declaram que não vão torcer contra o Brasil, exceto quando jogarem contra seus times. A possibilidade de a Argentina vencer não agrada nem a europeu, nem a latino-americano.
Se não há conterrâneos por perto, o jeito é ter bom humor, e é assim que aturam as brincadeiras dos brasileiros, devolvem com algumas provocações e marcam presença de alguma maneira. Tudo bem, no país do futebol há lugar para todas as torcidas.
Ingresso na mão
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Em 2006, a alemã Annette Güth, 26, professora na Escola Americana, assistiu à Copa da Alemanha em casa. Agora, terá a oportunidade de ver outra Copa no país-sede. A alemã de Lüneburg realizou o sonho de morar no Brasil e está aqui há um ano.
Animada com os jogos, já programou a viagem para Recife, onde verá a Alemanha enfrentar os Estados Unidos. Com o rosto pintado e bandeira na mão, Annete está pronta para torcer.
Esse é amigo
O mexicano Adrian Eugenio Alatorre Adame (D), 26 anos, chegou ao Brasil há menos de um mês e encontrou o País já no clima da Copa. Ele veio sozinho para uma temporada de seis meses na Embraco e terá que assistir aos jogos rodeado de brasileiros. Ele considera os dois povos parecidos e se sente em casa, ou quase em casa: durante os jogos, acha que seria melhor estar no México.
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E se é nas horas de adversidade que se reconhece um bom amigo, Adrian descobriu um deles, o brasileiro Jean-Carlo Schramm, 42. Jean passou dois anos e meio na Embraco México e foi um dos responsáveis pela contratação do mexicano.
Agora que os dois estão no Brasil, Jean se mostrou camarada e até vestiu a camisa estrangeira como prova de que o colega não será um torcedor solitário, pelo menos enquanto não enfrentar o Brasil.
Grupo difícil
Na Whirlpool, o chileno Bastian Ignacio Olivares Flores, 24, fica animado ao vestir a camisa vermelha que ganhou de amigos, mas a alegria não parece contagiar os colegas de trabalho brasileiros, que têm outros planos para a taça.
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Mesmo que se sinta um traidor por estar no Brasil, mas não torcer pelo time de Felipão, Bastian afirma que não tem qualquer intenção de maneirar na torcida pelo Chile, como se pode ver. Bastian diz que seu país está em um grupo muito difícil e, caso não passe para a próxima fase, acredita que o Brasil ganhará a Copa _ o que também deixaria o seu povo feliz.
Pressão
A mesa onde a uruguaia Marcela Gesto Perez, 26 anos, trabalha na Whirlpool está rodeada de bandeirolas do Brasil. É muita pressão ao redor desta patriota que fica arrepiada ao ouvir o hino nacional do país, mesmo morando há 22 anos no Brasil.
Mas Marcela não se intimidou e colocou uma solitária bandeirinha azul e branca ao lado do computador. Ao falar da seleção, o inevitável, Marcela se recorda do “auge” na Copa de 1950. Hora de mudar de assunto…
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Forza, Azzurri
Como assim? Escolheram um italiano para pendurar as bandeiras do Brasil na recepção do Hotel 10? Ainda bem que Claudio Maria Giacobbe, 39 anos, encara o ofício com bom humor. Ele está há seis anos em Joinville. Nesse período, casou com uma brasileira e tem uma filha de cinco anos que já avisou para quem vai torcer: “Brasil”.
Então Claudio está sozinho na torcida para a Azzurra. O italiano considera que esta Copa terá um charme a mais pelo fato de o Brasil ser o time que ganhou mais vezes a competição e por ter o Maracanã, “o estádio mais famoso do mundo”. Seu grande trunfo é a camisa da sorte, uniforme de passeio da seleção italiana na Copa de 2010,
presente de um colega jogador.
Go Brazil!!!
De todos os estrangeiros ouvidos por “AN”, o americano de Massachusetts Michael Hayes, 62, é um dos que está há menos tempo no Brasil: chegou em janeiro deste ano como turista, e foi o que declarou mais abertamente a torcida por nossa seleção.
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Ele não acredita que a equipe dos Estados Unidos vá se sair muito bem, uma vez que está em um grupo muito competitivo. Os times mais fortes, na opinião dele, são Portugal, Espanha e Brasil. E se despede: Go Brazil!!! Assim seja.