A 12 dias do começo da Copa do Mundo, o Diário Gaúcho voltou a conversar com os seis torcedores estrangeiros ouvidos em dezembro, logo após o sorteio dos jogos. O objetivo foi saber como se preparam para o Mundial no Brasil, se irão receber conterrâneos em Porto Alegre e as expectativas com o futebol do país de origem. Entre os entrevistados, opiniões e visões diferentes sobre o evento que se aproxima.
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França x Honduras
Após um período de 15 dias na sua terra natal, a empresária francesa Veronique Masi, 48 anos, chegou a Porto Alegre na última terça-feira com a impressão de que a capital gaúcha não receberá jogos da Copa do Mundo. Há 24 anos radicada no Brasil, mantém uma agência de turismo no bairro Auxiliadora, e está com ingressos comprados para as cinco partidas no Rio Grande do Sul.
No jogo da França contra a Honduras, o primeiro do Mundial em Porto Alegre, Veronique estará na companhia de três familiares vindos da Europa. Da última viagem à França, admite preocupação com a repercussão das notícias negativas veiculadas do Brasil no Exterior. E também das sensações experimentadas desde a chegada no Rio de Janeiro, como a falta de carrinhos para bagagens e de informações sobre a Copa em Porto Alegre.
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– Na França, só tem notícia ruim do Brasil, se faz muito a contrapropaganda – completa a empresária, decepcionada com a má preparação do país para a competição.
São esperados mais de 4 mil franceses no Rio Grande do Sul.
Austrália x Holanda
Prestes a acompanhar o primeiro Mundial, o engenheiro civil australiano Matthew Bruce Vallis, 30 anos, há três residindo em Porto Alegre, terá companhia especial durante os jogos: o pai, Paul, que saiu da Oceania há dez dias para desembarcar no Chile, de onde começou um mochilão de ônibus até chegar ao Brasil no dia 9.
– Será a minha primeira Copa, é um sonho realizado porque sempre gostei de futebol – destaca Matthew.
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Acostumado a não encontrar muitos compatriotas em Porto Alegre, o engenheiro confessa uma certa preocupação com o comportamento dos conterrâneos. Como são esperados 14 mil australianos, teme que muitos façam bobagens, deixando uma má impressão. Com a perspectiva de receber quatro amigos, promete transformar o apartamento de um quarto no bairro Petrópolis em um verdadeiro acampamento.
Adversária da Austrália na Capital, a Holanda terá a torcida do aposentado Wouter de Kroes, 83 anos. Mesmo contrário à forma como o futebol passou a ser tratado, garante que assistirá os jogos, mas pela televisão, acompanhado dos netos e de uma xícara de chá. No estádio, afirma o holandês, que há 44 anos mora no Brasil, existe muito preconceito em relação às pessoas mais velhas, além de não ter as melhores condições de saúde para prestigiar a Laranja Mecânica.
Três mil holandeses compraram ingressos para o jogo em Porto Alegre.
Coreia do Sul x Argélia
Funcionária de uma fábrica de elevadores em São Leopoldo, a coreana Sunny Jun, 31 anos, está há mais três anos no Brasil. Embora tenha tentado comprar ingressos para ver a seleção da Coreia do Sul no Beira-Rio, esbarrou no excesso de concorrência.
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Vizinha do estádio da Copa e colorada, por conta do marido, Sunny conta que a reação, ao ficar sabendo que a equipe de seu país jogaria perto de casa, foi de surpresa e felicidade.
Apesar da perspectiva de não receber compatriotas em casa, a torcida não ficará desfalcada. Na empresa em que trabalha, há dezenas de coreanos que prometem se encontrar para acompanhar juntos os jogos. Mais de 2 mil sul-coreanos compraram ingressos para a partida diante da Argélia, dia 22 de junho.
Nigéria x Argentina
O músico nigeriano Olumide Obafemi, o Lumi, 30 anos, quase não acredita que poderá assistir ao jogo contra a Argentina, no Estádio Beira-Rio. E ele espera apoio dos gaúchos.
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– Os nigerianos serão minoria contra os argentinos, mas acredito que teremos a torcida dos brasileiros. Afinal eles vão secar a Argentina – acredita Lumi, que desembarcou em Porto Alegre para cursar Engenharia Mecânica na Pucrs, onde se formou há dois anos.
O nigeriano conta que percorre o Brasil fazendo shows de hip house, hip hop, afrobeats e reggae. Por conta disso, deverá fazer uma pequena apresentação para conterrâneos no piquete Lanceiros Negros após o duelo com a Argentina. Já a residência no bairro Camaquã, se transformará num abrigo de nigerianos. Isso porque receberá o pai, Daniel, e mais dois amigos.
Se Lumi conseguiu ingresso para o jogo do dia 25 de junho, o argentino Martin Ignacio Garro, 29 anos, ficará só na vontade de assistir Messi, Di Maria e outras estrelas do técnico Alejandro Sabella. Designer gráfico, admite que acabou não tendo dinheiro para as entradas. Entretanto, deverá contar com a companhia do pai, Diego.
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Da legião de 40 mil hermanos esperados para entrar no Brasil pelo Sul, diz que tem dois amigos que deverão acompanhar um jogo no Rio de Janeiro. Em Porto Alegre, ainda não tem nenhum conhecido.
– Como moro num hostel, não tenho condições de abrigar pessoas aqui – ressalta o designer gráfico.
A exceção seria o pai. O que tem lugar garantido é a confiança de que a seleção chegará pelo menos até as semifinais.
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