A Serra do Rio do Rastro serviu de referência na engenharia de Santa Catarina quando foi pavimentada na década de 1980. Hoje ela lidera a lista de votação de um site espanhol que vai eleger a estrada mais surpreendente do mundo.

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O desafio da engenharia era tornar uma picada usada por antigos tropeiros em uma estrada confortável e segura para carros, ônibus e caminhões à beira de um precipício.

A pavimentação da Serra do Rio do Rastro durou dois anos, de novembro de 1984 a novembro de 1986, no primeiro governo de Esperidião Amin.

Na época, o secretário de Transportes e Obras era Marcos João Rovaris. Hoje, aos 70 anos, ele lembra das dificuldades, pois não havia tecnologia disponível para pavimentações em concreto, tanto que foi a primeira construída desta forma em SC.

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A única maneira de garantir maior aderência aos pneus dos veículos em caso de gelo na pista seria o concreto de cimento, e não o asfalto.

A Associação Brasileira de Cimento Portland doou ao Estado as 3 mil toneladas de cimento que seriam usadas na pavimentação.

Sobre o leito da estrada de chão batido, aberta na década de 1950, foi feita uma submassa de argamassa de cimento e, por cima, colocadas 2.160 placas de concreto de cimento de 6×3 metros e 30 centímetros de espessura com fissuras iguais às de pistas de aeroportos.

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Isso tudo garantiria a não formação de gelo em dias mais frios, a maior aderência dos pneus nas curvas acentuadas e a não formação de ondulações, comuns em asfalto.

Já os muros de proteção foram feitos em concreto armado, alguns até com a utilização de muros de arrimo, que seguram o aterramento, pois em alguns lugares o concreto armado não podia ser ancorado porque a estrada simplesmente acabava no gigantesco penhasco.

Os muros de proteção, lembra Rovaris, foram projetados para suportar o impacto frontal de veículos pesados em velocidade elevada. Ou seja, o risco de queda na montanha é quase nulo.

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>> Acompanhe um passeio pela Serra do Rio do Rastro:

Rovaris jamais voltou à rodovia

O ex-secretário de Obras lembra ainda que outro feito inédito foi a utilização de escavadeiras hidráulicas com giro de 360º.

Toda a terraplanagem foi feita com este tipo de maquinaria. Nenhum trator foi usado. Ao fim de tudo, a obra foi considerada a mais benfeita até então em toda a América Latina.

– Como o movimento de terra foi pequeno e o fornecimento de concreto de cimento foi de graça, a pavimentação custaria o mesmo preço de um concreto asfáltico – diz Rovaris que, após a inauguração, há 25 anos, não voltou mais ao local.

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