O Continente abriga três disputados estilistas de sapatos que fazem do mundo das noivas, da moda e dos executivos um verdadeiro glamour. O privilégio de ter um sapato que, literalmente, veste o seu pé é exatamente o que os especialistas em calçados sob medida, de atividade rara e exclusiva, oferecem na Grande Florianópolis. Com preços que oscilam de acordo com o vestido ou o terno, os sapateiros de primeira linha contam um pouco sobre a história de vida, que os transformou em profissionais bem sucedidos e requisitados.

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>> Confira a galeria de fotos com os sapatos produzidos no Continente

De técnico de raio-x para o mundo da moda

A fiel relação de duas décadas e meia de Gilmar Manoel Euzébio, 49 anos, com os sapatos é fruto de um grande desafio em sua vida. No dia 1º de dezembro de 1986, Gill – como é conhecido no mundo da moda – montou seu próprio negócio. Vislumbrando o promissor mercado feminino, resolveu aprender a produzir sapatos após um convite do cunhado, que tinha uma fábrica de sapatos no Paraná.

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Gill decidiu então abandonar o emprego fixo de técnico em raio-x, em Içara, no Sul de Santa Catarina e abrir sua empresa em São José, onde a sogra morava. Foram seis meses de aprendizado no Estado vizinho, que o transformou em um dos mais procurados estilistas de sapatos sob medida na Grande Florianópolis. Para ele, o primordial em um sapato é o conforto:

– O pé não pode ser adequado ao sapato. É o sapato que precisa de adequar ao pé. O conforto é tudo. Minha cliente não vai precisar trocar de sapato no meio da festa.

Quando pensa no passado, o sapateiro faz questão de frisar que fez a escolha certa. Para ele, quem quer ter seu próprio negócio, precisa expandir a mente. No início da carreira, Gill foi indicado pela estilista Nilma Vieira, que encaminhou diversas clientes para fazer sapatos com ele. Até hoje, parte dessa clientela permanece fiel. Sua produção é exclusivamente social. O trabalho começa às 7h e não tem hora para acabar.

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Além dos sapatos, Gill também oferece acessórios como bolsas e cintos. Toda a produção é feita em parceria com a mulher, Regina Augusta Gomes Euzébio, 53 anos, que também se especializou como estilista, e a filha, Hélida Gomes Euzébio, 27 anos, técnica em calçados.

Com a média de quatro pares por dia, o estilista conta com 32 máquinas no processo criterioso, que sofre ajustes quando a cliente precisar. O preço dos sapatos varia entre R$ 190 e R$ 300, podendo chegar ao valor de R$ 500, dependendo do tecido e do modelo. A agenda cheia limita o tempo das encomendas, que demoram em média 15 dias para ficar pronto.

Dom que vem do berço

O primeiro sapato veio aos 10 anos. Digo o produzido, feito com as próprias mãos de Albino Antônio Skowronski, hoje com 64 anos. Dom que veio do berço, o gaúcho nascido em Erechim (RS) aprendeu cedo com o pai a arte de fazer calçados. O sonho o levou a ser professor. Exerceu a profissão de pedagogo por 14 anos em União da Vitória, no Paraná. Mas sempre, paralelamente, fazia sapatos. Quando estudou em colégio interno, calçou os padres. Quando lecionou, calçou as professoras.

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O sucesso como sapateiro acabou o levando à decisão de escolher uma das profissões. Albino então pediu exoneração do cargo de professor na prefeitura e abriu uma fábrica de sapatos no Paraná, onde ficou 11 anos.

– Sempre gostei de criar, de modelar, de investir em novos estilos. Desenhar é meu forte. Mas hoje, seguirmos a tendência da moda. É diferente-conta o estilista de sapatos.

O estímulo para Albino abrir seu negócio em Santa Catarina veio da aproximação coma família da mulher. Montou uma fábrica, a Michelli Calçados – com produção sob medida, em Biguaçu. Em praticamente 50 anos de profissão, acumulou quase mil cadernos de medidas, com 80 páginas cada, e 60 coleções de formas.

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A produção é direcionada basicamente para o público feminino. Apesar de também fazer sapatos para homens, quando solicitado. Os modelos oferecidos vão do social ao esportivo. Há procura ainda por sapatos com medidas não encontradas no mercado, como de tamanhos 30 ou 41 para mulheres. Além de produções especialíssimas para o Carnaval, com exclusividade e nome estampado no sapato. O lema da fábrica é: produzimos tanto para a necessidade quanto para a vaidade.

Prestes a se aposentar, Albino carrega o sentimento de missão cumprida, já que o negócio se tornou familiar. O nome da empresa, Michelli, é uma homenagem à primeira filha, que toca a empresa junto com a família. Há ainda o cunhado, Pedro de Freitas, que é responsável pelos pedidos das clientes em um ponto de vendas, em Coqueiros. Os preços variam entre R$ 120 a R$ 500, e o pedido demora em média de 10 a 15 dias.

Artesão de primeira mão

Natural de São Pedro de Alcântara, Sérgio Schmitz, 70 anos, tem vasta bagagem profissional. A história de vida que envolve a arte de esculpir o sapato adequado para cada tipo de pé foi moldada em anos de experiência em diversas fábricas de calçados pelo país. Autodidata e sempre em busca de novos aprendizados, Sérgio foi responsável por projetos de sucesso que fazem parte da trajetória até de exportação da produção brasileira de sapatos. A visão de empreendedor, que sempre buscou o aperfeiçoamento na confecção de calçados em cursos do Senai e Sebrae, o transformou em um gestor de gabarito. A carreira, iniciada aos 16 anos por necessidade, o conduziu a diversos Estados para aprimorar seu conhecimento que vai desde o desenho inicial ao produto acabado, definitivamente no pé do cliente. Enquanto esteve em São Paulo, no início da carreira, calçou a Jovem Guarda como Wanderléia, Erasmo Carlos, Jerry Adriane e Vanuza.

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– Hoje trabalho sozinho e sou 100% artesão. A única máquina que uso é de costura. Comecei por necessidade e aprendi a gostar daquilo que me dava sustento.

A longa estrada, que foi espaçada por 20 anos de experiência no ramo da eletrônica, quando foi funcionários de duas grandes multinacionais como Panasonic e Philips, o trouxe de volta a Santa Catarina somente aos 50 anos. Momento em que descobriu um novo nicho de mercado com os sapatos sob medida. Foi em uma festa de casamento que Sérgio percebeu a má qualidade dos sapatos calçados pelas mulheres. O pé, segundo o especialista em sapatos, não pode ir ao sacrifício. No evento, diversas mulheres estavam com belos vestidos, mas com os pés calejados, com dores e bolhas. Percepção que o fez a voltar a produzir calçados.

– A mulher brasileira tem o andar mais lindo do mundo. Ele é delicado e precisa ser valorizado no designer, que deve trazer conforto, deixando-a com postura e andar elegante, além de um bom semblante. O pé não pode ser sacrificado.

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Sérgio então procurou um estilista requisitado da Grande Florianópolis, o Gesoni Pawlick, e apresentou seu primeiro modelo de sapata de tecido com as seguintes características: conforto, prezando o bem-estar; designer (valorizando a beleza) e qualidade do material (imprescindível para o sucesso do produto). A parceria fechada ficou exclusiva por 14 anos. Hoje, Sérgio continua produzindo o estilista, mas atende outros clientes e um novo nicho de mercado, o de sapatos masculinos, que prezam glamour e excelência. O artesão acumula uma cliente de 4,7 mil pessoas. O custo dos sapatos masculinos variam entre R$ 450 e R$ 850, e o feminino entre R$ 250 e R$ 350. A confecção pode durar de dois a três dias e o tempo de entrega vai de uma semana a dois meses, dependendo da matéria-prima utilizada.

Serviço

Sérgio Schmitz

Telefone: 3241-6200

Endereço: Avenida Nereu Ramos, 158, Campinas – São José (SC)

Gill

Telefone: 3246-0886

Endereço: Rua Manoel Loureiro, 1350, Barreiros – São José (SC)

Site: http://www.gillcalcados.com.br/site.php

Albino Skowronski

Telefone: 3243-3704

Endereço: Rua Acácia Reitz, 223, Centro – Biguaçu (SC)

facebook: michelliSkowronski