A aposentada Maria Rosa Maia, de Joinville, tinha um compromisso importante no último domingo (19): logo depois do almoço, iria receber a primeira dose da vacina contra a Covid-19. Ela foi ao Centreventos Cau Hansen com o filho por volta das 14 horas mas, antes de chegar sua vez de entrar na sala de vacinação, ela sofreu uma parada cardiorrespiratória e morreu no local. Ela tinha 78 anos.

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Segundo o neto de Maria Rosa, o bombeiro civil Guilherme Nogueira, 30 anos, a avó era uma pessoa reservada, que gostava de ficar sozinha desde que havia se divorciado. No entanto, cerca de duas semanas antes do falecimento, ela comentou com a família que estava com medo de morar sozinha e foi para a casa onde Guilherme vive com os pais, a esposa, o irmão e o avô materno.

— Há cerca de um mês eu fui na casa dela para visitá-la, abri os armários e percebi que ela estava com dificuldades financeiras. Fiz compras, comprei os remédios que ela tomava e perguntei como estavam as coisas. Depois, ela veio falar desse medo e começamos a adaptação dela para mudar para nossa casa — conta Guilherme.

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Foi por gostar de viver sozinha e ter autonomia que Maria Rosa não havia começado o processo de imunização contra o coronavírus. Só quando foi morar com o filho e os netos é que ela revelou que ainda não havia feito o agendamento para receber a primeira dose. A família buscou a vaga e se organizou para o momento.

— Ela estava animada para receber a vacina. Era teimosa, por isso não tinha falado antes que ainda não tinha tomado. Não sei se foi pela ansiedade, mas faltava só uma pessoa na frente dela quando meu pai a viu dando um suspiro mais profundo. Depois disso, já não foi possível salvá-la — relata ele.

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Neto foi chamado para atender como bombeiro

Guilherme é comandante dos bombeiros civis em Joinville e, por isso, no domingo saiu para realizar o plantão. A avó ainda perguntou porque estava saindo tão cedo e ele explicou que iria trabalhar, mas logo retornaria. 

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Por volta das 14h30, ele recebeu um chamado para uma ocorrência de parada cardiorrespiratória. Como estava em outra ocorrência, distante do Centreventos Cau Hansen, não pode atendê-la, sem saber que a vítima era a própria avó.

— Eu estava voltando para casa, com a minha esposa dirigindo, quando minha mãe me ligou. Ela só disse: “a vó morreu”, e eu já sabia que era ela a pessoa em PCR daquele chamado — lamenta ele.

Maria Rosa recebeu os primeiros socorros da equipe que estava no local e, depois, foi atendida pela equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Eles tentaram reanimá-la por aproximadamente 45 minutos antes de ser constatado o óbito.

— Ninguém estava preparado para isso, a família está muito abalada. Por um tempo, quando eu era criança, minha avó viveu conosco e ajudou a me criar. Agora estava retomando uma aproximação, criando laços com a minha esposa, mas não deu tempo — conta o neto.

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