Sabemos que o respeito é aquilo que as mulheres desejam receber no Dia da Mulher, somado à liberdade e à concessão de serviços de públicos. Mas, ainda como filhas, como mulheres, como filhos, amigos, enfim, ainda por vezes somos tomados pelo desejo – quase instintivo – de presentear uma mulher. Então, o que fazer?

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A psicóloga e professora do Departamento de Psicologia da UFSC, Magda do Canto Zurba, faz um apontamento que para muitas pessoas pode até parecer clichê, mas que na verdade é revolucionário: “estar presente é ainda o melhor presente”:

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— Perceba as necessidades da mulher que você convive e saia um pouco da estereotipia. Muita coisa que se dizia que era do masculino não é mais do mundo masculino. Então, a mulher, ela tem outros interesses. Ela é uma pessoa, não é só “uma mulher”. O mais presente que nós temos é o contato, a relação verdadeira. Se você pode oferecer isso de verdade, o foco é estar junto.

O mesmo pensamento vale para conseguir aplicar na rotina a igualdade entre os gêneros. Por serem mães, trabalhadoras, namoradas, esposas, amigas, ou seja, por executarem qual for o papel que decidirem na sociedade, as mulheres acabam por acumular funções, negligenciando a saúde mental. Afinal, é comum ouvir por aí que somos “guerreiras”, que “conseguimos dar conta de tudo” ou que “só uma mulher faz tão bem-feito assim”.

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— A gente vê as mulheres sobrecarregadas e naturaliza. As próprias mulheres naturalizam o sofrimento psíquico como se fosse “do feminino” e não é. E construído. Não está dado na nossa condição biológica ou genética de que a gente sofre — , revela.

Ir contra esses estereótipos de gênero é um passo importante para Magda, neste Dia da Mulher e nas outras, é claro. Conforme a psicóloga, as pessoas que estão em volta das mulheres precisam ter a capacidade de presenteá-las com a não naturalização do sofrimento em que elas se encontram. Divida o trabalho doméstico, cuide mais dos filhos, busque uma atividade que possa fazer por ela, enfim, ofereça o seu tempo como presente para caminhar mais um passo nessa jornada por igualdade entre homens e mulheres.

O que aconteceu em 8 de março de 1857? Saiba a origem do Dia da Mulher

Mas, afinal, quando começou o Dia da Mulher?

A data foi reconhecida internacionalmente pela Organização dos Direitos Humanos (ONU) em 1975. Porém, a sua história é bem mais antiga. Em 1908, milhares de mulheres marcharam por Nova Yorque, nos Estados Unidos, para exigir redução da jornada de trabalho, melhor remuneração e direito de votar. Esse ato, após um ano, foi reconhecimento pelo Partido Socialista como o Dia Nacional das Mulheres.

Depois disso, algumas ativistas feministas afirmam que a ideia de celebração internacional começou na Conferência Internacional de Mulheres Socialistas em Copenhague, em 1910. A proposta foi votada e aprovada, fazendo com que em 1911 o primeiro Dia da Mulher fosse celebrado na

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A data foi celebrada pela primeira vez em 1911 na Suíça, Áustria, Dinamarca e Alemanha. Mais de 60 anos depois, a ONU então reconheceu a data oficialmente por todo o mundo. Março foi escolhido, conforme registros históricos, por conta de uma greve na Rússia de 1917 que terminou na concessão de direito ao voto para as mulheres russas.

Os atos começaram em 23 de fevereiro, pelo calendário juliano, usado na época pela sociedade russa. Hoje, utilizamos o calendário gregoriano, que muda as datas para as épocas do ano. E adivinhem qual é a data correspondente ao dia 23 de fevereiro? De acordo com o atual jeito de registrarmos os dias, é o dia 8 de março.

Por que roxo é uma cor presente nesse dia?

Nos atos do Dia da Mulher e no movimento feminista, o roxo é uma cor muito presente. Na verdade, é a cor que representa a causa. Tudo começou na Inglaterra, em 1870, pelas mulheres que pediam o sufrágio universal, ou seja, o direito ao voto. O movimento sufragista foi liderado por Emmeline Pankhurst (1858-1929), através da organização de sufragistas União Social e Política das Mulheres (Women’s Social and Political Union, em inglês). Para que as mulheres do movimento se reconhecessem, símbolos foram necessários.

Além disso, os cartazes pelas ruas precisam ser únicos e com destaque. Por isso, a cor roxa, junto do verde e do branco foram escolhidas, para dar essa singularidade necessária ao movimento. A sufragista e integrante da União, Emmeline Pethick-Lawrance foi a responsável pela escolha. Em uma publicação, ela explicou que “o roxo significa o sangue real que corre nas veias de cada sufragista … branco significa pureza na vida privada e pública … verde é a cor da esperança e o emblema da Primavera”.

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Por que devemos incentivar meninas e mulheres na tecnologia?

Livros e filmes – que podem ser presentes – e que ajudam a entender a causa feminista

Sejamos todos feministas, Chimamanda Ngozi Adichie

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O feminismo é para todo mundo, Bell Hooks

R$ 34,99, na Amazon

As sufragistas (2015), de Sarah Gavron

Filme mostra o início da luta do movimento feminista e os métodos incomuns de batalha, com a história das mulheres que enfrentaram seus limites na luta por igualdade e pelo direito de voto.

Frida (2002), de Julie Taymor

Filme narra a história das dores e da arte de um dos nomes de mais impacto no século 20, a mexicana Frida Kahlo. Importante para conhecer mais referências de artistas femininas e para mostrar os desafios que ela enfrentou.