O coordenador-geral do campus do Instituto Federal Catarinense em Sombrio, Anderson Sartori, comentou como a instituição de ensino foi impactada pela morte de um estudante de 16 anos dentro de banheiro da escola, na tarde de segunda-feira. Segundo ele, os alunos envolvidos no suposto pacto tinham boas notas e não apresentavam comportamento agressivo. Confira os principais trechos da entrevista.
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Diário Catarinense – Como era o comportamento dos dois alunos?
Anderson Sartori – Eram dois meninos tranquilos. A gente nunca teve problema com eles de comportamento, de agressividade. Nosso ambiente aqui é bem tranquilo. Não temos histórico de agressão física, verbal ou bullying. A gente não tolera e proíbe. Como é um espaço pequeno, são seis turmas, todos se conhecem. Então eles eram bem tranquilos, não tinham inimizades. Foi uma coisa que chocou todo mundo porque foi imprevisível.
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DC – A instituição tinha conhecimento do relacionamento deles?
Sartori – Todos os nossos alunos, casal, seja menino ou menina, que tenham um certo relacionamento, a gente chama os pais pra conversar. A família é sempre avisada. No caso, as famílias dos dois foram avisadas. Mas a gente não sabia da profundidade desse relacionamento. Eles sempre estavam sentados juntos, no canto deles. Mas as famílias estavam cientes.
DC – A família apoiava?
Sartori – Nosso pessoal do setor de orientação encaminhou as famílias, mas não sabemos se aceitavam ou não. Eles sabiam que existia esse contato entre eles, um pouco mais amigo, mas em nenhum momento disseram se eram contra.
DC – A julgar pelo comportamento deles, foi uma surpresa muito grande o que aconteceu?
Sartori – Foi, para todo mundo. Aqui o aluno entra, sai, fica lá fora e a gente não tem problema nenhum com violência. Eu já trabalhei no Norte do Estado que tinha outra realidade. Choca, mas a gente sabe que isso pode acontecer. Aqui não. Tudo sempre muito tranquilo. Você pode vir aqui em qualquer dia da semana e as portas estão abertas. O aluno entra, sai, fica lá fora e a gente não tem problema nenhum com violência. Tanto os da manhã quanto os da noite. Então foi uma coisa bem fora da normalidade. Foi chocante pra todo mundo.
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DC – Vocês têm algum programa ou projeto para abordar esse assunto com os alunos daqui pra frente?
Sartori – A gente está analisando para contatar profissionais, além dos nossos servidores, que podem ajudar a fazer um trabalho de conscientização, de sensibilização, para que nossos alunos possam voltar pra escola e suas famílias possam ter tranquilidade e saber que foi um caso isolado. O caso envolveu dois alunos, então não houve violência contra mais ninguém na instituição. A gente sabe que não será fácil, mas estamos pensando em mecanismos para minimizar esse choque.