A primeira edição humana da Volvo Ocean Race, como está sendo chamada pelo fato de as seis equipes velejarem com o mesmo tipo de barco _ o Volvo Ocean 65_ torna as estratégias adotadas por cada time decisivas para o desempenho na competição. Isso só é possível graças ao Boat Yard, o estaleiro que a Volvo desenvolveu para realizar as manutenções nos veleiros que participam da Regata de Volta ao Mundo.
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Segundo o assistente técnico Federico Bensadon, o estaleiro reduziu pela metade o investimento feito pelas equipes que competem na regata. Ao invés de 50 pessoas em terra, nesta edição elas contam com cerca de quatro integrantes para dar suporte.
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Também não é mais necessário ter um mastro reserva e carregá-lo pelas nove paradas, como ocorria anteriormente. A Volvo construiu dois reservas para socorrer as equipes.
A estrutura, que viaja com a organização pelas nove etapas da competição, é um barracão, que faz parte da Vila da Regata e pode ser visitado pelo público. Nele, 54 funcionários da regata trabalham em um espaço amplo, com piso feito de compensado e cobertura de lona.
Nas laterais há seis contêineres posicionados. Em cada um funciona uma parte específica da oficina dos barcos: há o escritório, o contêiner onde são analisados os equipamentos eletrônicos dos veleiros, outro para limpar e inspecionar as peças que compõe a parte hidráulica, o espaço onde são guardadas as máquinas para costurar e reparar as velas, o contêiner em que as peças que formam o veleiro, como a quilha, são submetidas a reparos e o setor em que são testados os cabos. Fora do pavilhão, há ainda dois contêineres que servem para depósito de peças.
Passo a passo da revisão dos veleiros
Federico Bensadon explica que a primeira tarefa dos mecânicos, assim que os veleiros atracam na Vila da Regata, é retirá-los do mar já sem o mastros. Ambos são submetidos a investigação minuciosa de um ultrassom, para verificar se há algum tipo de dano nas estruturas internas.
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Na tarde desta quinta-feira, por exemplo, foi encontrada uma pequena rachadura na lâmina que compõe o interior do mastro do barco espanhol Mapfre. Caso o dano não fosse identificado e reparado, a peça poderia se quebrar, como aconteceu com o mastro do veleiro chinês Dong Feng.
_ É muito importante ter certeza de que não há problemas com a estrutura _ afirma Bensadon.
Em seguida, são analisadas as velas. Elas são esticadas no centro do estaleiro para que os mecânicos possam observar atentamente e identificar até mesmo uma rasura mínima. Os reparos são feitos por meio de adesivos feitos do mesmo produto da vela _ o 3DI, um tecido composto por fibras bastante resistentes _ que são colados e aderem perfeitamente a ela. Mas as velas também podem ser costuradas, como ocorreu na tarde desta quinta com a do barco turco Alvimedica.
Conforme Bensadon, cada equipe pode utilizar no máximo 11 velas durante as nove etapas da Volvo Ocean Race.
Estando tudo certo com o casco, mastro e as velas, os funcionários começam a revisar e reparar os equipamentos que compõe as partes eletrônicas e hidráulicas dos veleiros. Além das peças do barco, como a pá de leme _ espécie de pneu do barco, que costuma se deteriorar bastante por bater em animais e se prender em redes no fundo do mar.
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Rotina de trabalho
O assistente técnico esclarece que os mecânicos atendem os veleiros por ordem de chegada e de acordo com a gravidade dos danos. Uma revisão completa, como a que eles estão fazendo nos barcos em Itajaí, leva em média dois dias, por embarcação, para ser concluída.
A equipe trabalha entre oito e 12 horas por dia para dar conta dos reparos e deixar os veleiros prontos para navegar a próxima etapa. Tudo sob s supervisão de juízes da própria Volvo, para garantir que nenhuma equipe seja beneficiada.
O mais difícil de se consertar, de acordo com Bensadon, são danos graves no casco, como os que ocorreram ao veleiro dinamarquês Vestas, que encalhou no Oceano Índico durante a segunda etapa da regata.