O ataque aéreo planejado por Grã-Bretanha, França e Estados Unidos contra alvos sírios pode ser postergado até a próxima semana em função da forte oposição enfrentada pelo primeiro-ministro britânico, David Cameron.
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O líder britânico, que, ao contrário do francês François Hollande, precisa de aval do parlamento para se envolver em uma operação desse tipo, realizou na quarta-feira manobras políticas para dissolver as resistências internas.
Apesar de falar em uma reação urgente ao massacre de 21 de agosto na Síria e argumentar que uma ofensiva militar da Otan não precisa do aval do Conselho de Segurança da ONU, o governo britânico submeteu pela manhã um projeto de resolução aos outros membros permanentes do Conselho. O texto autorizaria “todas as medidas necessárias em virtude do capítulo VII da Carta da ONU para proteger os civis das armas químicas” na Síria. O capítulo VII estabelece medidas coercitivas que podem significar sanções e até uma operação militar. Como era de se esperar, com a divisão entre a Rússia e China por um lado, EUA, Grã-Bretanha e França por outro, não houve acordo.
Ao anunciar a consulta à ONU, Cameron se antecipava à oposição trabalhista disposta a cobrar o aval da entidade na sessão extraordinária no Parlamento, convocada para hoje (29/8). Ao fim do dia, porém, Cameron surpreendeu anunciando que pediria uma segunda votação. Assim, os parlamentares debatem hoje uma moção sobre o caso, mas a votação que tratará de uma ação militar só irá ocorrer depois de a ONU divulgar as conclusões dos inspetores que estão em campo para investigar as centenas de mortes no dia 21 de agosto.
E serão necessários pelo menos quatro dias para que a equipe finalize a missão, realize as análises científicas e elabore um relatório sobre o suposto uso de armas químicas.
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De acordo com o jornal The Guardian, fontes indicaram que os EUA – que inicialmente teriam planejado atacar no fim de semana – estariam preparados para atrasar os bombardeios até pelo menos terça-feira, quando Barack Obama estiver partindo para o encontro do G20 na Rússia.
Tal movimento daria fôlego político a Cameron, depois que os trabalhistas ameaçaram abalar a coalizão liderada pelos conservadores.
Em entrevista ao programa PBS NewsHour, Obama declarou que ainda não se decidiu sobre como responder ao uso de armas químicas na Síria.
– Não tomei uma decisão – disse Obama, acrescentando que havia chegado à conclusão de que um envolvimento direto dos EUA na guerra civil síria não ajudaria a resolver a situação.
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Especialistas acreditam que, caso sejam realizados, os bombardeios terão mísseis Tomahawk disparados de navios no Mar Mediterrâneo e de caças que operem fora do espaço aéreo sírio.
Pai e filho se reencontram após ataque
Em meio às imagens chocantes produzidas pelo confronto sírio, um vídeo traz boas notícias – algo raro até então. No registro de sete minutos, postado por um ativista, um jovem pai, que supunha que o filho fora morto em um ataque químico, reencontra o menino.
“Papai está aqui. Estou ao seu lado agora”, diz sírio
Reprodução – Youtube
Correndo para fora de casa, ansioso, o pai por pouco não desmaia ao rever o filho, e é amparado por familiares. O garoto, em uma camisa xadrez, é colocado em seu colo, para alívio do pai, que, chorando de alegria, consola a criança, que também chora:
– Papai está aqui. Estou do seu lado agora. Você se perdeu, mas agora você voltou. Graças a Deus, graças a Deus, filho da minha alma. Que cheiroso que você está! Minha alma pode descansar agora. Não se preocupe mais.
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As imagens, filmadas em Zamalka (sudoeste da Síria), já foram vistas mais de 1 milhão de vezes após Max Fisher, repórter do The Washington Post, ter postado o vídeo em seu blog. Ao final da gravação, os homens que cercam o pai oram, não sem antes amaldiçoar o ditador Bashar al-Assad:
– Que Deus se vingue dos filhos de Al-Assad e traga vergonha às suas mulheres. Seu séquito é pecaminoso e sujo. Nenhum ser humano pode descrever como eles estraçalharam nossas crianças. Amaldiçoado seja.
Veja o mapa: