Municípios do interior do Rio Grande do Sul têm motivos especiais para acompanhar o momento de transição no Vaticano. Dos cinco cardeais brasileiros com direito a votar e ser votados no conclave de março, dois são gaúchos: dom Cláudio Hummes, 78 anos, natural de Brochier e com familiares atualmente residentes em Salvador do Sul, e dom Odilo Scherer, 63 anos, nascido em Cerro Largo. A seguir, a torcida pelos filhos da terra nesses municípios:

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Cerro Largo avalia chances de dom Odilo

Pequeno município de colonização germânica na região das Missões, Cerro Largo vive mais uma vez a expectativa de ter um filho da terra com chances na sucessão papal.

Um dos cardeais cotados para ocupar o trono de São Pedro é o cerro-larguense dom Odilo Pedro Scherer, 63 anos, arcebispo de São Paulo. Ele nasceu em 21 de setembro de 1949, na comunidade de Linha Francisco, e ainda que tenha deixado o município muito jovem, quando os pais, Edwino e Francisca, mudaram-se para Toledo (PR), muitos familiares torcem por ele em solo missioneiro. É o caso de seus primos Viro Scherer, comerciante de 59 anos e Egon Scherer, 63 anos, aposentado.

– Todo mundo está nessa espera, para ver se ele será o escolhido. Ele é uma pessoa que se identifica com o povo, simples. Criou-se na agricultura, como filho de agricultores. E a possibilidade de ele ser Papa pega a gente de surpresa, é uma alegria imensa – complementa Egon.

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As chances de dom Odilo são tema recorrente no município de 13 mil habitantes. O padre Flávio Stoelben, 70 anos, não disfarça o entusiasmo:

– Eu acho que está na hora de uma renovação. A Igreja Católica não pode ficar apenas no bloco europeu. A América Latina está esperando para ter um papa.

– Por ser filho de Cerro Largo e meu conhecido, seria muito bom ter dom Odilo como Papa – observa o aposentado Valdi Sausen, 69 anos.

Irmão falou com dom Cláudio pelo telefone

Na parede da Igreja Três Santos Mártires das Missões, em Salvador do Sul, as fotos de Bento XVI e dom Cláudio Hummes estão lado a lado.

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– Um podia suceder ao outro – sugere o pároco Hugo Mentges.

A cidade do Vale do Caí revive a expectativa pelo conclave no qual o conterrâneo dom Cláudio terá direito a voto e poderá ser votado.

– Quem sabe tenha chegado a vez de a América Latina ter seu representante, e pode ser um filho desta terra – comenta o padre.

Arthêmio Hummes, 72 anos, irmão de Dom Cláudio, considera as chances de eleição remotas.

– Ele está afastado do Vaticano. Talvez nem queira ser papa, e ele tem o direito de declarar isso antes da votação. Mas não se comenta esse assunto, ele nos pede apenas a concentração espiritual – compartilha Arthêmio.

Os irmãos se falaram ontem por telefone. Entre as informações trocadas, além da perplexidade com a notícia da renúncia do pontífice, estava o adiamento das férias em Salvador do Sul programadas para março.

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Sempre que pode, o arcebispo emérito de São Paulo volta à terra. Nascido em 1934 em Brochier, então distrito de Montenegro, foi com um ano em companhia da família para Linha Comprida, hoje pertencente a Salvador do Sul. Papa ou cardeal, dom Cláudio é benquisto.

– Sempre que ele vem é motivo de festa. Seria uma alegria muito grande se ele fosse escolhido papa – diz a prefeita Carla Specht.